O escritor brasileiro Dalton Trevisan, vencedor em 2012 do Prémio Camões, o maior galardão de língua portuguesa, morreu aos 99 anos, anunciou a família.
“Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é. Dalton Trevisan faleceu hoje, 09 de dezembro de 2024, aos 99 anos”, escreveu a família na rede social Instagram.
O velório de Trevisan, conhecido como O Vampiro de Curitiba, título de um livro de 1965, será aberto ao público, como era desejo do autor, disse a agente ao jornal Folha de São Paulo. Fabiana Faversani não adiantou a causa de morte de Trevisan: “Tentamos dar o máximo de privacidade como era seu desejo”.
Famoso pela aversão à imprensa e por viver quase em reclusão em Curitiba, os contos de Trevisan conquistaram o mundo, com traduções para diferentes línguas, como inglês, espanhol, francês e italiano.
Entre 1946 e 1948, o escritor editou a revista Joaquim, que reunia ensaios e contos de autores como António Cândido, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, além de traduções de escritores como Franz Kafka, Marcel Proust ou Jean-Paul Sartre.
Contos Eróticos (1984), Crimes de Paixão (1978), Desastres de Amor (1968), Dinorá – Novos Mistérios (1994), estão entre as suas obras, assim como Vozes do Retrato – Quinze histórias de Mentiras e Verdades (1998), Violetas e Pavões (2009) e O Anão e a Ninfeta (2011), que foi o último livro publicado. Em Portugal, foi publicado em 1984 pela editora Relógio d’Água, com a coletânea Cemitério de Elefantes.
As histórias de Trevisan chegaram à televisão e ao cinema brasileiro, e na Hungria, um dos contos foi também adaptado para uma série de televisão.
No Brasil, a adaptação para o cinema de A Guerra Conjugal, de 1969, do realizador Joaquim Pedro de Andrade, recebeu o prémio de melhor filme e melhor realizador em festivais brasileiros, além de uma menção honrosa no Festival de Barcelona.
Em 2011, o autor recebeu o Jabuti – o maior prémio literário brasileiro – na categoria de contos e crónicas, com o livro Desgracida. No ano seguinte, venceu o prémio de literatura Machado de Assis 2011, conferido pela Academia Brasileira de Letras.
LUSA