Morreu Maria Teresa Horta. Escritora, poeta, jornalista e feminista tinha 87 anos

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Maria Teresa Horta (Fotografia: Gonçalo Villaverde / Global Imagens

A escritora Maria Teresa Horta, a última das “Três Marias”, morreu esta terça-feira, 4 de fevereiro, aos 87 anos, em Lisboa, anunciou a editora Dom Quixote.

Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta, familiar descendente da Marquesa de Alorna, frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante ativa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres.

Recorde-se que, em dezembro último, a escritora foi incluída numa lista elaborada pela estação pública britânica BBC de 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, que inclui artistas, ativistas, advogadas ou cientistas.

“Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida”, pode ler-se no comunicado enviado pela editora.

No mesmo texto, a Dom Quixote lamenta “o desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis” do Portugal contemporâneo, “reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores”.

A par de As Novas Cartas Portuguesas – livro escrito a seis mãos, censurado pelo regime e que denunciava as opressões a que as mulheres eram sujeitas, no contexto da ditadura, da violência fascista, da guerra colonial, da emigração e da pobreza que dominava o país – Maria Teresa Horta é autora de vasta obra bibliográfica, tendo-se estreado na poesia em 1960 com Espelho Inicial.

Entre os títulos mais conhecidos, entre poesia e ficção, estão Minha Senhora de Mim, Anunciações, Ambas as Mãos sobre o Corpo e A Paixão segundo Constança H.

Recebeu múltiplos prémios e, em 2022, foi condecorada com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República.

Na nota de pesar emitida esta manhã de terça, 4 de fevereiro, Marcelo Rebelo de Sousa evoca a escritora e lembra a “militância feminista, tanto no domínio político-social como no literário, bem como à polémica desassombrada e à franqueza erótica”.