Morreu Vera Lynn, a mulher que cantou para as tropas britânicas na IIª Guerra

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[Fotografia: Facundo Arrizabalaga/EPA]

A cantora inglesa Vera Lynn, que se distinguiu pelas suas atuações para as tropas britânicas, durante a II Guerra Mundial, morreu aos 103 anos, anunciou a família, esta quinta-feira, 18 de junho.

Lynn vivia em Ditchling, no condado inglês do Sussex, e morreu “acompanhada pelos mais próximos”, disse a família. Recordada por canções como We’ll meet again, que se tornou num hino de resistência durante o conflito, e The white cliffs of Dover, de elogio ao território britânico, durante os ataques da aviação nazi, Vera Lynn teve em 2005 a sua derradeira atuação pública, nos 60 anos do termo da II Guerra Mundial.

 

Em maio passado, quando se assinalaram os 75 anos do final do conflito, apareceu publicamente pela última vez, para recordar “os valentes rapazes que se sacrificaram por todos”, garantindo a vitória das forças aliadas e da democracia.

 

Nascida em Londres, no East Ham, em 1917, Lynn iniciou a carreira de cantora aos 18 anos, com as orquestras da época, e editou o seu primeiro disco em 1936, “Up the Wooden Hill to Bedfordshire”, quando ainda trabalhava como escriturária numa companhia de navegação.

 

O início do conflito levou-a até aos abrigos, onde cantava durante os ataques aéreos nazis, e, depois, para as zonas de combate, onde atuou até ao armistício, em 1945, ganhando o nome de “namorada das Forças Armadas”.

 

“As minhas canções recordavam aos rapazes os motivos por que lutavam; por questões pessoais que lhes eram caras, não por teorias políticas”, disse em maio passado, recordando a época em que atuava nas frentes de batalha da Europa, da Ásia (Índia e Myanmar/Birmânia) e do Norte de África (Egito).

 

Antes completar os 103 anos, no passado dia 20 de março, Lynn desafiou a população a assumir o mesmo espírito de resistência, tido durante a guerra, para responder à covid-19. A rainha Isabel II acabou por a citar, e ao seu ‘hino’ “We will meet again” (“Votaremos a encontrar-nos”), na comunicação que fez ao país, durante o confinamento.

 

Após a II Guerra Mundial, Vera Lynn manteve a atividade como cantora, somando apresentações nos palcos, na rádio e na televisão britânicos, e publicou livros de memórias como “Some Sunny Day”. Foi também uma constante defensora dos veteranos de guerra e dos seus direitos.

“Deixaram as suas famílias e os seus lares para lutarem pela nossa liberdade. Foram muitos os que perderam a vida para proteger as nossas vidas e os nossos direitos”, recordou no passado mês de maio.

 

Vera Lynn é a cantora presente há mais tempo na lista dos 100 álbuns mais vendidos no Reino Unido, com a sua última coletânea de êxitos a somar 40 anos ininterruptos no ‘ranking’, onde, em maio, atingiu a 30.ª posição. Lynn era Oficial da Ordem do Império Britânico, desde 1969, e Dama da Coroa, desde 1975.

 

O capitão Tom Moore, o veterano recentemente distinguido por ter conseguido reunir 33 milhões de libras para o serviço nacional de saúde do Reino Unido, reagiu à morte de Vera Lynn, através do Twitter, garantindo que a cantora teve um enorme impacto na sua vida, quando estava na guerra, e que permaneceu importante para si, ao longo de todos estes anos.

 

CB com Lusa