Morte de bebé de oito dias. Hospital abre inquérito, ordem exige investigação

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[Fotografia: Anna Shvets/Pexels]

A Unidade de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) revelou esta sexta-feira de manhã, 28 de janeiro, que vai instaurar um inquérito para apurar as circunstâncias da morte no hospital de Portalegre de um bebé de oito dias, por alegada falta de socorro médico.

Ilídio Pinto Cardoso, porta-voz da ULSNA disse à Lusa que a administração daquela unidade hospitalar vai avançar com o inquérito e tomar uma posição sobre este caso “mais tarde”. A administração está reunida esta manhã, com caráter de urgência, para analisar esta situação.

Em comunicado, a Ordem dos Médicos (OM) defendeu, também esta manhã, que a morte do recém-nascido deve ser “rapidamente investigada e esclarecida”, por configurar “uma situação muito grave”.

A morte deste bebé tem de ser investigada até às últimas consequências para que todas as possíveis falhas sejam rapidamente corrigidas e a confiança da população na resposta de emergência seja restabelecida”, disse o bastonário da OM, Miguel Guimarães.

Na mesma nota pública, a organização aludiu às “informações vindas a público sobre a morte de um recém-nascido que acabou por ser transportado para o hospital de Portalegre pelos bombeiros sem ter sido assistido” pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Esta situação, caso se tenha verificado, configura “uma situação muito grave e que deve ser rapidamente investigada e esclarecida”, pode ler-se no comunicado.

A OM referiu que já “por diversas vezes” alertou “que a Emergência Médica Pré-Hospitalar representa uma área fulcral para o sucesso do sistema de saúde” nacional e que “qualquer disrupção no funcionamento deste sistema pode ter consequências negativas e imprevisíveis”.

“Temos conhecimento de vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida em várias zonas do país”, das equipas que integram as VMER e que “devem ser acionadas para situações mais delicadas, como a de Portalegre, pelo que nenhuma falha é admissível”, argumentou o bastonário da OM, afirmando que se trata de “uma área em que não podem ser permitidas falhas conjunturais, mas ainda menos estruturais”.

A morte do bebé de oito dias terá acontecido, segundo avança a revista Sábado, na sequência de um “socorro pedido pelo pai da criança e no qual foram acionados os bombeiros às 09:33″, depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) “do hospital de Portalegre não estava operacional”. A publicação apurou ainda, junto de fontes do CODU, que a VMER “a viatura médica de emergência não estava disponível às 20:00 desta quinta-feira por falta de médico para a tripular”.

Em declarações ao JN, à chegada da corporação, o bebé estava “em paragem cardiorrespiratória”, o que envolve a necessidade de pedir “ajuda diferenciada”, explicou o comandante dos bombeiros, Pedro Bezerra. Tendo em conta a proximidade ao hospital, caberia à VMER daquela unidade fazer o socorro. “Não estava disponível”, afirmou Pedro Bezerra, alegando desconhecimento do motivo.

Ainda ao Jornal de Notícias, o comandante dos Bombeiros referiu que os bombeiros agiram “de acordo com o protocolo”, transportaram o bebé até ao hospital e fizeram manobras de reanimação, cujas tentativas se revelaram “infrutíferas”. “O óbito foi declarado já em meio hospitalar”, acrescentou Pedro Bezerra.

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que aciona a VMER, está a apurar o sucedido, avançou também a Sábado. A Lusa contactou hoje o INEM, mas está a aguardar ainda esclarecimentos sobre esta situação.

Com Lusa