Morte de mulher de 22 anos agita votação sobre o aborto na Argentina

Esta quarta-feira, 8 de agosto, o projeto de lei para a descriminalização do aborto até às 14 semanas, na Argentina, volta a ir a votos, no Senado. A discussão definitiva da lei acontece dias depois de ter sido noticiada a morte de mais uma mulher, na sequência de um aborto clandestino.

Segundo o La Nacion, a mulher de 22 anos teve uma infeção generalizada e foi a terceira vítima mortal registada este ano, no Hospital Regional de Santiago del Estero, por complicações resultantes de abortos clandestinos.

A votação desta quarta-feira, no Senado, está também a ser acompanhada pela Amnistia Internacional (AI), que lançou ontem, na véspera da discussão, uma campanha, colocando um anúncio de uma página no jornal New York Times, com distribuição em 134 países, a pedir o fim dos abortos clandestinos e a sua descriminalização, na Argentina.

Imagem da campanha, com fundo verde, cor dos grupos que defendem a despenalização do aborto, na Argentina. [DR]
“A imagem escolhida para este anúncio – de um cabide – é a de um símbolo desde há muito associado ao aborto clandestino e sem segurança, frisando com clareza as consequências mortais da lei que vigora na Argentina e lembrando aos senadores argentinos que têm a oportunidade e o poder de salvar numerosas vidas ao aprovarem a nova legislação, já aprovada em junho passado na Câmara dos Deputados”, refere a o comunicado da AI.

A Amnistia Internacional justifica ainda que “defende a descriminalização do aborto, num compromisso firme com os valores igualitários de respeito pelos direitos das mulheres e pelo direito de proteção da saúde”.

O parlamento da Argentina aprovou a 14 de junho, a despenalização do aborto até às 14 semanas de gestação. Depois disso, a lei transitou para o Senado para discussão sobre a sua aprovação definitiva.

O debate no parlamento argentino durou 23 horas, tendo começado na manhã de quarta-feira, 13 de junho, e foi acompanhado por milhares de mulheres, que nas ruas de Buenos Aires esperaram por uma decisão favorável, como pode ver, ou rever, na fotogaleria, em cima.

Nesta quarta-feira é esperado que muitas mulheres regressem às ruas para pedir a aprovação final da lei que permite a interrupção voluntária da gravidez.

Imagem de destaque: REUTERS/Marcos Brindicci

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