MOTELX assinala 200 anos de Frankenstein com debate sobre mulheres na cultura

“As Mulheres Têm Voz na Cultura?” A interrogação pode soar desnecessária em pleno século XXI, mas recua ao século XIX e ao “Frankenstein”, de Mary Shelley, para traçar uma evolução do papel das mulheres no panorama cultural, desde essa altura até ao presente. Um debate que será feito por mulheres da cultura portuguesa, no próximo dia 7 de setembro, às 19h, no Cinema São Jorge, em Lisboa.

A editora Bárbara Bulhosa, responsável pela Tinta-da-china, a escritora Helena Vasconcelos e as atrizes Isabel Abreu e Maria João Luís vão discutir o tema, num debate moderado pela jornalista do DN, Fernanda Câncio, a convite da organização do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que decorre de 4 a 9 de setembro, no São Jorge.

A 12ª. edição do evento estreia este formato de tertúlia, para assinalar o duplo centenário da obra “Frankenstein”, lembrando não só o livro – reconhecida como o primeiro romance gótico moderno -, mas também o impacto da sua autora na emancipação e afirmação da assinatura feminina das obras literárias.

Mary Shelley foi obrigada a abdicar da autoria do romance por ser impensável à época alguém do sexo feminino escrever uma obra com as características de “Frankenstein”

A escritora britânica Mary Shelley foi obrigada, inicialmente, a abdicar da autoria do romance por ser impensável à época alguém do sexo feminino escrever uma obra com as características de “Frankenstein”. Ou seja, unir o imaginário do folclore europeu e das histórias de assombração às inovações científicas da revolução industrial. Também por isso o romance é considerado o pioneiro do género literário que ficaria conhecido como ficção científica.

“Esta obra de Mary Shelley é marcante para o terror mundial e teve um grande impacto em criações que surgiram posteriormente. Assim, além de a homenagear pelo que criou, também quisemos destacar o contexto em que o fez. O movimento feminista tem ganho cada vez mais importância na sociedade atual e, também na cultura, devemos pensar se há iguais oportunidades, iguais reconhecimentos e iguais considerações, daí estrearmos este modelo de tertúlia nesta edição do MOTELX”, explica, em comunicado, João Monteiro, diretor do festival.

Para contextualizar o debate, será exibido antes o filme Mary Shelley, protagonizado por Elle Fanning, na sala 3 do São Jorge, às 17h05.

A celebração dos 200 anos de Frankenstein é também alvo de uma programação especial na Cinemateca e na Cinemateca Júnior, durante o mês de setembro.

As mulheres e as artes em discussão em Lisboa

Frankenstein, a obra-prima de uma escritora atormentada