Muçulmanas na conquista ao congresso norte-americano

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Hijab [Fotografia: Shuttersccok]

Duas mulheres muçulmanas devem ser eleitas para o Congresso dos EUA nas próximas eleições legislativas de 6 de novembro, o que será uma novidade quando o discurso anti-migrantes tem peso nos círculos dirigentes do país.

Ilhan Omar, uma refugiada somali, parece segura de conseguir um lugar na Câmara dos Representantes através de um círculo maioritariamente democrata no Estado do Minnesota, onde é a candidata por este partido. Já Rashida Tlaib, nascida em Detroit de pais palestinianos, está bem posicionada para ser eleita também para a Câmara num círculo onde não tem rival.

Se forem eleitas, serão as duas primeiras mulheres muçulmanas a entrarem no Congresso, o que eleva para três o número de muçulmanos nesta instituição. O terceiro, Andre Carson, que é negro e muçulmano, deve ser reeleito no seu círculo no Estado do Indiana.

Estes acontecimentos históricos ocorrem porém no momento em que o Conselho para as Relações Americano-Islâmicas (CAIR, na sigla em Inglês) divulgou uma subida de 21% dos crimes antimuçulmanos no primeiro semestre de 2018.

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Rashida Tlaib e Ilhan Omar estão nos antípodas de Donald Trump e do seu partido republicano, designadamente opondo-se às políticas restritivas sobre imigração e apoiando um sistema de saúde universal.

“A eleição de Donald Trump foi um sinal de alarme”, disse Colin Christopher, da Sociedade Islâmica da América do Norte (ISNA, na sigla em Inglês), à AFP. “Vemos agora comunidades antes ausentes das discussões publicas (…) que estão verdadeiramente comprometidas”, acrescentou.

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O perfil destas duas candidatas reflete a importância crescente dada pelos democratas, na era Trump, a questões quentes como os direitos das mulheres e das minorias. Rashida Tlaib é a mais velha de 14 irmãos. Em 2008, tornou-se a primeira mulher muçulmana a entrar no parlamento estadual do Michigan. Aos 42 anos, posicionou-se contra Trump e como campeã da causa das classes populares. Em agosto, ganhou a primaria no partido democrata num círculo maioritariamente negro.

“O seu círculo não conta muitos muçulmanos”, realçou Dawud Walid, o diretor executivo da seção do CAIR no Michigan, em declarações à AFP. “Não creio que a sua identidade étnica ou religiosa tenha tido um grande papel na sua vitória”, acrescentou. Rashida Tlaib está consciente do caráter histórico da sua candidatura. Num discurso emotivo, depois da sua vitória em agosto, com a mãe ao lado, evocou a sua família na Cisjordânia, que segue o seu percurso de perto.

Sem adversário republicano, deve ser eleita na próxima semana para um mandato de dois anos para substituir o eleito de longa data John Conyers, que se demitiu em dezembro depois de ter sido acusado de assédio sexual e por razões de saúde.

Ilhan Omar, por seu lado, forjou-se uma identidade política progressista e defende uma educação universitária gratuita, habitação para todos e uma reforma da justiça penal. Esta jovem, que usa o ‘hijab’, lenço que cobre a cabeça deixando a cara destapada, fugiu da guerra civil no seu país com oito anos de idade, antes de emigrar com a família para os EUA.

Em 2016, a jovem mulher de 36 anos conseguiu ser eleita para o parlamento estadual do Minnesota, onde vive uma importante comunidade somali. Desta vez, apresenta-se a disputar um lugar no Congresso, num círculo dominado pelos democratas, e deve derrotar facilmente o seu rival republicano. Se eleita, Omar vai substituir Keith Ellison, que foi o primeiro muçulmano eleito para o Congresso, em 2006.

Imagem de destaque: DR

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