Mulher que nasceu de uma violação quer processar o pai biológico

Violação

Uma mulher que diz ter sido fruto de uma violação quer usar o próprio ADN para processar o pai, descrevendo-se como “uma prova do crime andante”. Vicky (nome fictício) foi adotada aos 7 meses, na década de 1970. Ao ter acesso aos documentos da adoção descobriu que nasceu quando a mãe tinha apenas 13 anos e o pai biológico é descrito apenas como um “amigo da família”, de 35 anos.

“Sempre pensei que era muito errado que o meu pai biológico nunca tivesse sido processado. Foi então que me lembrei que tenho provas de ADN porque eu sou a própria prova. Sou uma prova do crime andante”, disse Vicky durante uma entrevista no programa da jornalista Victoria Derbyshire, da BBC.

Contudo, a lei não reconhece Vicky como vítima e a mãe não quer envolver-se no caso. A solução pode passar por uma “acusação sem vítimas” em que não é apresentada nenhuma evidência pela vítima do alegado crime.

Pete Henrick, chefe do departamento de proteção pública da polícia de West Midlands, afirmou que a unidade não tem registo de nenhuma alegada violação ou investigação em 1975.

“Em 2014 uma mulher pediu para abrir uma investigação histórica. No entanto, a suposta vítima não quis colaborar nem prestar depoimento. Neste contexto, a mulher perguntou se poderia ser identificada como vítima e se o caso podia seguir nesses termos. Mas a lei não reconhece esta pessoa como vítima nestas circunstâncias”, revelou Pete Henrick ao The Guardian.

Ainda assim, Vicky quer que seja feita justiça e que o pai biológico seja responsabilizado. “Queria justiça para a minha mãe. Queria justiça para mim. As ramificações do que ele escolheu fazer moldaram toda a minha vida… e ele conseguiu escapar e viver a vida dele”, desabafou a mulher.

Jess Phillips, membro do Parlamento do Reino Unido que já trabalhou para a Women’s Aid Federation of England, disse que a mulher deve ser considerada vítima perante a lei.

Há muito tempo que lutamos pela ideia de que as crianças em circunstâncias de violência doméstica ou sexual não devem ser consideradas apenas infelizes espetadoras daqueles crimes porque na verdade isso afeta profundamente a sua vida”, acrescentou Jess Phillips.

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