É uma das doenças mais prevalentes nas mulheres e com altas taxas de risco e vir a desenvolver cancro cervical. Contudo, esta (já sobejamente conhecida) má notícia está longe de vir só. Ter algumas das variantes do HPV, vírus do Papiloma Humano, pode fazer disparar em quatro vezes o risco de morte de ataque cardíaco ou de Acidente Vascular Cerebral.
As conclusões foram extraídas de um estudo levado a cabo pela Sociedade Europeia de Cardiologia (cuja síntese pode ser consultada no original aqui), que correlacionou a presença de infeções por HPV com um aumento na taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares.
A análise acompanhou 163.250 mulheres coreanas ao longo de oito anos e meio, jovens ou de meia-idade e livres de doenças cardiovasculares. Posteriormente, passaram por exames de saúde abrangentes, incluindo testes para 13 tipos de HPV de alto risco, tendo regressado para avaliações periódicas a cada um ou dois anos. Os investigadores concluíram que, embora o risco geral de morte cardiovascular fosse baixo entre o grupo relativamente jovem e saudável, a presença de HPV de alto risco elevou significativamente a possibilidade de as portadoras virem a padecer de doenças cardiovasculares.
HPV e obesidade
Segundo análises posteriores, foi ainda detetada a possibilidade de a obesidade agravar ainda mais a infeção de HPV de alto risco. “Sabemos que a inflamação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares e infeções virais são potenciais gatilhos de inflamação”, acrescentou o professor da Escola de Medicina da Universidade Sungkyunkwan em SeuHae Suk Cheong, citado em comunicado.
“Admite-se que o vírus esteja a criar inflamação nos vasos sanguíneos, contribuindo para que as artérias fiquem bloqueadas e danificadas, aumentando o risco de doenças cardiovasculares”, acrescenta.
Efeitos da vacinação
Em Portugal, a vacina contra o HPV foi inicialmente recomendada para administração a raparigas antes do início da atividade sexual, entre os 10 e os 12 anos.
Mais tarde, a investigação veio demonstrar a eficácia da vacina também nos rapazes e, desde 1 de outubro de 2020, o Programa Nacional de Vacinação (PNV) alargou a vacinação contra o HPV aos rapazes, sendo administrada aos 10 anos. A idade máxima para iniciar esta vacinação nos rapazes é 17 anos.
Segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP),publicado em setembro do ano passado, o alargamento da vacinação contra o vírus do Papiloma Humano (HPV) em adolescentes e jovens adultos do sexo masculino deve estender-se até aos 26 anos e que não tenham iniciado a sua vida sexual. Com esta proposta, os especialistas acreditam que é possível reduzir o risco de infeção pelo vírus e o desenvolvimento de doenças associadas, como o cancro.
A infeção pelo HPV é a infeção de transmissão sexual mais frequente entre os mais jovens (dos 15 aos 25 anos de idade). Até 80% (oito em cada dez) dos homens e mulheres serão infetados pelo HPV em determinado momento da sua vida.
Além do trato anogenital, o vírus pode invadir a cavidade oral, orofaringe e laringe, provocando doenças malignas, como cancro anal e genital, bem como cancro da cabeça e pescoço.