“Mulheres de 50 anos têm ainda muito mais para viver do que já viveram”

O escritor francês Yann Moix, numa entrevista à revista Marie Claire para promover o seu mais recente livro, afirmou que as mulheres com mais de 50 anos são “muito velhas” para amar e “invisíveis” para ele. Em resposta, a atriz brasileira Cláudia Raia, de 52 anos, publicou no Instagram, na semana passada, uma fotografia em biquíni. E não foi a única. Clara McGregor, filha do ator Ewan McGregor, partilhou esta semana uma foto da mãe, de 52 anos, também na praia, de biquíni.

Enquanto Cláudia Raia quis afirmar que nunca se sentiu tão bem como agora, na meia-idade, a jovem de 22 anos fez questão de elogiar a mãe, Eve Mavrakis, que o pai deixou para assumir um relacionamento com a atriz Elizabeth Winstead, 20 anos mais nova (percorra a galeria de imagens acima para ver as fotografias de que lhe falamos, bem como de outras figuras públicas, nacionais e internacionais, com mais de 50 anos).

“A minha mãe, senhoras e senhores. Os 50 são aparentemente os novos 30”, escreveu Clara McGregor na legenda da imagem no Instagram. Um seguidor da jovem brincou, avisando-a para manter a mãe “longe dos seus namorados”. Na resposta, Clara insultou o pai publicamente: “Vou é mantê-la longe dos otários que deixaram a minha mãe, que é uma deusa.”

“As pessoas de 50 anos têm ainda muito mais para viver do que já viveram, do ponto de vista da autodeterminação e afirmação completa”

Para o psicólogo José Carlos Garrucho, as polémicas em redor das mulheres de 50 anos que têm incendiado as redes sociais nunca fizeram tão pouco sentido.

“A esperança de vida das mulheres situa-se nos 92/93 anos. Se descontarmos a essa idade os 20 anos que uma pessoa se demora a construir, temos 70 anos de vida útil. Aos 50 anos significa que a mulher está 40 anos abaixo do limite de idade, ou seja, as que têm 50 anos têm ainda muito mais para viver do que já viveram, do ponto de vista da autodeterminação e afirmação completa”, explicou ao Delas.pt José Carlos Garrucho.

Perante as afirmações do escritor francês, as mulheres que estão ou já ultrapassaram a meia-idade sentiram-se desvalorizadas e tentaram responder da mesma forma, como é claro no exemplo de Cláudia Raia.

“Nas redes sociais as pessoas têm legitimidade para se exprimirem, inclusivamente a dizer tolices e a não terem razão”

“Agora procuram responder da mesma maneira, aniquilando o autor, como se resolvêssemos o problema aniquilando-nos uns aos outros. Na prática, o que ele diz não é que elas não valem a pena, é que ele não vale para elas. O que as mulheres verdadeiramente devem fazer é continuar a cultivar a sua autodeterminação e a afirmação dos seus privilégios e direitos. Há outras coisas a ameaçar verdadeiramente as mulheres, como o avanço de ideologias sexistas“, afirmou o psicólogo e terapeuta familiar em Coimbra.

No entanto, José Carlos Garrucho sublinhou que as redes sociais, bem como todos os outros meios de comunicação, são boas formas para lutar contra os preconceitos.

“Tudo o que é comunicação é uma boa arma para isso. Nas redes sociais as pessoas têm legitimidade para se exprimirem, inclusivamente a dizer tolices e a não terem razão. Quando digo mal de alguém, não estou a dizer mal dessa pessoa. Estou a dizer mal de mim”, acrescentou o especialista.

Cláudia Raia em biquíni e pelas mulheres de 50 anos