Mulheres ganharam em 2017 menos 150 euros por mês do que os homens

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A diferença salarial entre homens e mulheres em 2017 foi de cerca de 15%, traduzida em mais 150 euros na remuneração média mensal base dos homens. Os dados são de um barómetro do governo, apresentado esta quinta-feira, 27 de junho, em Lisboa.

De acordo com o Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Homens e Mulheres, citados pela Agência Lusa, há dois anos, o salário base dos homens em Portugal fixou-se nos 1.008,8 euros mensais, acima dos 859,1 euros mensais das mulheres, uma diferença de 14,8% a favor dos homens, que é ainda maior, de 18,2% se for tido em conta os salários efetivamente ganhos.

Quando analisadas determinadas variáveis, como o nível de qualificação profissional, a habilitação literária ou a antiguidade no emprego, diferença percentual entre géneros baixa um pouco, situando-se nos 11,2%. Ainda assim, uma diferença superior a 10%, que segundo governo continua a ser “inexplicável”.

“Há fatores que explicam – diferentes níveis de qualificação ou diferenças de natureza profissional -, mas depois de corrigir tudo isso permanece uma diferença inexplicável, que por vezes poderá ser até explicada por atos de discriminação salarial”, disse aos jornalistas o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, no final da cerimónia.

O ministro apontou o combate às diferenças salariais entre homens e mulheres como uma prioridade e defendeu que “este barómetro traz mais informação sobre a natureza” dessa desigualdade, pretendendo-se que no futuro possa ser um instrumento de correção usado pelas empresas.

“As empresas irão conhecer as diferenças salariais que têm nos seus quadros, como é que elas se comparam com o setor, com a economia nacional e serem apoiadas para definir programas de correção dessa diferença salarial não explicável. […] Estamos numa fase muito importante, compreender a realidade, conhecê-la e oferecer às empresas o retrato da sua própria situação. Não vamos pedir nada, vamos usar os dados já existentes para que cada empresa possa construir estratégias salariais de redução da desigualdade, como já está a acontecer na contratação coletiva”, disse o ministro.

Quanto mais qualificados maior o fosso

O barómetro mostra também uma realidade que tem sido apontada em vários estudos. Em setores de atividade com recursos humanos mais qualificados o fosso salarial entre homens e mulheres agrava-se, quando “seria de esperar que os diferenciais pudessem ser mais próximos de zero”, o que o ministro disse não ser dissociável de uma maioria de homens em cargos de decisão.

“As grandes empresas, empresas cotadas, tinham e têm ainda enorme disparidade de género nos seus quadros diretivos. Talvez isso não seja alheio a uma diferença salarial que se repercute por toda a estrutura. Nós introduzimos objetivos progressivos de equilíbrio nos postos de tomada de decisão. Sem intervir diretamente na vida das empresas e nas suas políticas salariais, a fixação de políticas públicas para ocupação dos cargos de administração vai inevitavelmente mostrar que um maior equilíbrio tem também consequências positivas na produtividade e competitividade das empresas”, afirmou Vieira da Silva.

O setor de atividade económica em que existe maior fosso salarial entre homens e mulheres, se for tido em conta o indicador que não têm em conta fatores atenuantes, é o das atividades artísticas e desportivas, onde a diferença é de 57,1%.
Tendo em conta as variáveis atenuantes, a diferença neste setor baixa para os 19,6%, ainda assim, acima da média geral de 14,8%.

Em termos distritais, Setúbal, Leiria, Aveiro, Lisboa lideram a lista do maior fosso salarial entre salários base médios, estando Aveiro próximo de uma diferença de 20% em desfavor das mulheres.

O Barómetro, elaborado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento, na dependência do ministério tutelado por Vieira da Silva, teve em conta informação disponibilizada pelas empresas, e refere-se a todo o país, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.

Até ao final do ano devem ficar disponíveis os dados relativos a 2018.

Empresas vão ter mesmo de avaliar desigualdades salariais