Mulheres morrem menos de pneumonia do que os homens. Saiba porquê

pneumonia
Estudo revela que a pneumonia está a custar, em tratamentos e internamentos, 218 mil euros diários aos cofres do Estado português (Foto: Shutterstock)

“As mulheres são mais resistentes de uma maneira geral”, começa por explicar Filipe Froes. O médico pneumologista no Hospital Pulido Valente e membro da Sociedade Portuguesa de Pneumonologia vincou ao Delas.pt que “a média de diferença percentual na mortalidade das mulheres é cerca de 10% mais baixa que do que nos homens”. O especialista justifica as razões:

“De uma maneira geral, as mulheres são mais resistentes, demonstram ter muito menos fatores de risco como o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, controlam melhor as doenças crónicas e são mais aderentes às terapêuticas. Os homens desvalorizam mais a saúde e têm, por oposição, mais comportamentos de risco”.

Estes são alguns dos dados apresentados na manhã de quinta-feira, 14, num encontro informal com jornalistas e que teve o propósito de demonstrar o resultado da análise da doença em Portugal. As estatísticas relativas ao período compreendido entre 2000 e 2009 demonstram que os doentes que acabaram por falecer tinham, maioritariamente, mais de 65 anos. Por oposição, o grupo etário dos menores de 29 anos era o que morria menos.

Apesar de, no ano passado, haver uma indicação da diminuição de alguns resultados, o pneumologista alerta para o facto de “estas análises terem de ser feitas em ciclos mais amplos” por forma a detetar valores médios, mas também picos da doença.

Froes ressalva que “há cada vez mais internamentos e a mortalidade não diminuiu”, quando extrapolados os dados para os anos mais recentes. “Esta tendência revela que a incidência da pneumonia aumenta, porque cada vez vivemos mais e com doenças crónicas que predispõem para a pneumonia”, disse no encontro.

Citado pela Lusa, este consultor da Direção-Geral de Saúde (DGS) acrescentou que a doença “vai continuar a ser uma das principais causas de internamento no Serviço Nacional de Saúde”.

Pneumonia mata a cada hora e meia e custa 80 milhões por ano ao Estado

A pneumonia afeta cada vez mais portugueses e a doença já está a custar ao Estado português 218 mil euros por dia em tratamentos e internamentos. Ou seja, são 80 milhões os euros anuais despendidos em custos diretos.

 

O médico pneumologista no Hospital Pulido Valente revelou ainda que, diariamente, são 81 as pessoas que estão a dar entrada nas unidades hospitalares de Portugal Continental. Destes, aponta o especialista, sabe-se que 16 irão morrer. Uma morte a cada hora e meia na sequência da doença.

Curiosidade: sextas-feiras são mais perigosas
Lá porque hoje, dia 15, é sexta-feira, não é caso para alarme, mas não deixa de ser curioso – e é importante sublinhar que o dado foi revelado como tal – o facto de este dia da semana ser um dos que regista maior incidência de casos, a par do fim de semana.

Já as quartas-feiras apresentam-se, nesta matéria, como os dias mais pacíficos da semana nos corredores dos hospitais e no que a esta doença diz respeito.

“Há uma certa tendência para ir morrer aos hospitais, uma hospitalização da morte, são as chamadas pneumonias de fim de vida”, afirmou o consultor da DGS para as doenças respiratórias.

O que fazer? Apostar na prevenção e na melhoria da qualidade de vida
A prevenção continua a ser uma das maiores armas para combater as doenças e a pneumonia não escapa, antecipa Filipe Froes, a esta necessidade, contando também com a ajuda que pode vir a ser dada com a melhoria dos cuidados continuados e domiciliários em Portugal.

O médico considera também que a redução destes números passa pela aposta na vacinação antigripal e vacinação pneumocócica, pela promoção do antitabagismo, pela defesa da alimentação saudável e atividade física e por uma boa higiene oral. Fatores elencados e que ajudam não só a reduzir a incidência da pneumonia, como também a de outras doenças crónicas, sobretudo as que acabam por resultar, muitas vezes, em pneumonia.

É preciso, sustenta Froes, aliar a melhoria de cuidados médicos e o aumento da esperança de vida a “um aumento da qualidade de vida” por parte dos portugueses.