Mulheres entre os alvos de candidato às presidenciais brasileiras

jair bolsonaro Reuters

Jair Bolsonaro, candidato às presidenciais brasileiras, foi denunciado por discriminação e racismo contra as mulheres, os indígenas, os refugiados e a comunidade LGBT. Este deputado federal que, nas sondagens, se posiciona em segundo lugar – atrás de Lula da Silva, agora preso e a cumprir pena – está a braços com a justiça.

O procurador-geral da República do Brasil denunciou o deputado e candidato ao Supremo Tribunal Federal por racismo. Se for condenado pelo Supremo Tribunal Federal – o mesmo que recusou o Habeas Corpus de Lula da Silva e lhe abriu as portas para o cumprimento de 12 anos de sentença -, Bolsonaro poderá cumprir pena de prisão “de um a três anos”, segundo a Procuradoria, e terá de pagar no mínimo 400 mil reais (cerca de 95 mil euros) por danos morais coletivos.

Recorde-se que Jair Bolsonaro tinha sido condenado, em 2017, a indemnizar a parlamentar de esquerda Maria do Rosário por dizer, há três anos, que não podia ser violada porque era “muito feia”.

Agora, em causa está uma conferência realizada no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril de 2017 em que, perante uma audiência de 300 pessoas, Bolsonaro “usou expressões de natureza discriminatória, incitando o ódio e afetando diretamente vários grupos sociais“, segundo a Procuradoria.

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A mesma entidade reproduz vários excertos do discurso, nos quais o candidato à presidência fala dos descendentes de escravos negros “como se fossem animais”, dizendo que “eles não fazem nada e são inúteis, nem mesmo procriam“. O parlamentar também disse, segundo a Procuradoria: “Se eu vir dois homens aos beijos na rua, eu atingi-los-ei“.

Considerado muito polémico pelas suas ideias de extrema-direita, ao defender o acesso às armas, um estado cristão, contrário ao aborto e e a favor do modelo tradicional de família, Bolsonaro foi eleito sete vezes deputado federal.

Os assessores de Bolsonaro reagiram num comunicado considerando “lamentável testemunhar ataques infundados, cujo objetivo é gerar informações sensacionalistas para denegrir a imagem de quem, de facto, é o maior fenómeno da política do Brasil nos últimos anos”. O candidato “não terá dificuldade em provar na esfera judicial que não é racista”, afirmam os assessores. Jair Bolsonaro, defensor da ditadura militar (1964-1985), assegurou já que os ataques são “infundados“.

Também o filho do pré-candidato à presidência, Eduardo Bolsonaro, igualmente deputado e que foi denunciado pela procuradoria por ameaçar uma jornalista, incorre numa pena de um a seis meses de detenção que pode ser convertida em medidas alternativas.

CB com Lusa

Imagem de Destaque: Rodolfo Buhrer/Reuters

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