Mulheres portuguesas estão entre as mais magras do mundo

As mulheres portuguesas estão entre as mais magras do mundo, segundo um novo estudo da revista Nature, que analisou a evolução do índice de massa corporal (IMC), entre 1985 e 2017.

O estudo, que mediu o IMC de 112 milhões de pessoas de 200 países e territórios, concluiu que foi nas zonas rurais que as populações ganharam mais peso e onde aumentaram os níveis de obesidade, incluindo Portugal no mapa dos países com indicadores mais baixos: 0.17 (-0,88 -0,54 (kg/m2).

A investigação, que recorre a dados de outros estudos sobre o peso e altura dos habitantes de cada país, concluiu que, desde 1985, a média do Índice de Massa Corporal (IMC) nas áreas rurais cresceu “2.1 quilogramas por metro quadrado” em homens e mulheres, e que nas cidades o crescimento foi de “1.3 quilogramas por metro quadrado nas mulheres e de 1.6 nos homens”.

“Mais de metade do aumento global ao longo destes 33 anos, deveu-se ao aumento do IMC nas áreas rurais. Em alguns países em desenvolvimento, as áreas rurais foram responsáveis por mais de 80% deste aumento”, lê-se no comunicado enviado pelo Imperial College London, líder da investigação, citado pela Lusa.

A investigação avança que, entre 1985 e 2017, o IMC “diminui ligeiramente” em mulheres de 12 países da Europa Grécia, Espanha, Lituânia, República Checa, Itália, Portugal, Sérvia, França, Malta) e da Ásia-Pacífico (Nauru, Singapura e Japão) e que, os padrões de IMC dos homens aumentaram “em todos os países”, especialmente em Santa Lúcia, Bahrein, Peru, China, República Dominicana e Estados Unidos da América.

Por outro lado, a investigação refere que as mulheres residentes em zonas rurais dos países da Europa Central e Oriental são “mais pesadas” do que as mulheres que residem nas zonas urbanas, tendência que permaneceu “praticamente inalterada” desde 1985. Ao passo que os homens das zonas rurais da Suécia, República Checa, Irlanda, Austrália, Áustria e Estados Unidos da América apresentaram um IMC “superior em 0,35 quilogramas por metro quadrado” ao IMC dos homens citadinos.

A melhoria das condições económicas nas zonas, por um lado, um maior acesso a alimentos saudáveis, informação e consciencialização da prática regular de exercício físico, podem ajudar a explicar esta evolução nos dados que, no entanto, não são totalmente concretos em alguns países, como Portugal.

Investigadores portugueses alertam para dados pouco precisos

Apesar de Portugal aparecer favorecido no retrato global, a obesidade é um problema crescente. Além disso, os dados que contribuem para as conclusões da Nature são estimativas mais abrangentes, como explica Elisabete Ramos, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e uma das 1000 investigadoras envolvidas neste estudo.

Em declarações à Lusa, afirma que em Portugal, à semelhança do que acontece noutros países desenvolvidos, a obesidade “aumentou ligeiramente mais” nas zonas rurais do que nas zonas urbanas, mas ressalva que existem falhas nos dados sobre regiões específicas que não permitem fazer um retrato preciso sobre o país.

“O que podemos dizer é que esperando que Portugal se tenha comportado da mesma forma que os países onde está inserido (países desenvolvidos), o que aconteceu é que as zonas rurais tiveram um aumento um bocadinho maior do que as zonas urbanas”, afirma.

A investigadora salienta que “os países em desenvolvimento têm uma evolução e provavelmente ainda estão em fases que estão a aumentar a grande velocidade o seu IMC”. “Quando olhamos para países desenvolvidos, esta realidade já não é exatamente a mesma, porque estamos a partir de contextos completamente diferentes. Uma área rural num país desenvolvido na década de 80, mesmo sendo menos desenvolvida que uma área urbana, claramente é mais desenvolvida do que uma área rural num país em desenvolvimento”, rematou.

 

AT com Lusa

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