Os britânicos escolhem até às 22h desta quarta-feira, 8 de junho, o seu novo governo e quase todas as previsões indicam que Theresa May, atual primeira-ministra, continuará a ocupar o cargo. Algumas sondagens avançam mesmo que May poderá conquistar o melhor resultado para os Conservadores, desde Margaret Tatcher.
Se as previsões se confirmarem será, no entanto, a primeira vez que a atual primeira-ministra britânica ocupa o lugar por voto popular. Theresa May foi escolhida, em julho de 2016, pelos eleitores do seu partido, o Partido Conservador, para suceder a David Cameron, primeiro-ministro até à realização do referendo sobre a continuidade do Reino Unido na União Europeia. O resultado da consulta, realizada em junho do ano passado, ditou a vitória do Brexit – a favor da saída – e a consequente demissão de Cameron, que tinha, tal como May, feito campanha pela permanência na UE.
Este novo cenário trouxe pressões dos partidos da oposição, sobretudo dos Trabalhistas, para a realização de eleições antecipadas e as primeiras dificuldades nas negociações da saída da União Europeia e as ameaças da Escócia de fazer um segundo referendo à independência, acabaram por levar Theresa May a antecipar as eleições gerais para este dia 8 de junho, recuando assim na decisão de não convocar o escrutínio antes de 2020.
O pós-Brexit e os desafios económicos daí decorrentes, a sustentabilidade do sistema social e a imigração, mas também o terrorismo, com a ocorrência de atentados em Manchester e Londres, no espaço de um mês, dominaram as campanhas.
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Entre as medidas especificamente relacionadas com a saída da UE, os conservadores prometem não permitir a realização de um referendo escocês sobre a independência até que o processo esteja concluído. Em matéria de imigração, os conservadores pretendem aumentar os encargos das empresas por cada trabalhador imigrante contratado e cobrar aos imigrantes taxas mais elevadas de utilização dos serviços de saúde públicos.
Sobre as questões do terrorismo, a véspera das eleições trouxe uma das frases mais polémicas da campanha, com Theresa May a afirmar que, se for eleita primeira-ministra, estará disposta a rever a proteção aos direitos humanos.
“Sou clara: se as leis dos direitos humanos forem um entrave na luta contra o extremismo e o terrorismo, mudaremos essas leis para garantir a segurança dos britânicos”, afirmou na sua página de Twitter, dias depois de Jeremy Corbyn, líder dos Trabalhistas, ter pedido a sua demissão pelos cortes orçamentais na Segurança.
E se os direitos humanos podem ficar para segundo plano, nesse contexto, não será de estranhar que, dentro deles, os direitos das mulheres tenham sido pouco representados na campanha, apesar do combate à violência doméstica ter sido uma das prioridades do governo de Theresa May e de o partido liderado por Jeremy Corbyn ter um capítulo dedicado às mulheres e algumas medidas concretas relacionadas com questões de género, no seu manifesto para estas eleições.
Na fotogaleria, em cima, pode ver as propostas dos dois maiores partidos, Conservadores e Trabalhistas, dirigidas às mulheres.
Imagem de destaque: REUTERS/Clodagh Kilcoyne