Mulheres qualificadas ganham menos 1/4 que os colegas em iguais condições

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As mulheres trabalhadoras têm, em média, salários base 14,5% mais baixos do que os homens e as que têm qualificações mais altas ganham menos 26,1% que os seus colegas, refere um estudo que a CGTP divulga esta quinta-feira, 27 de fevereiro.

A análise foi feita pela Intersindical com base em postos de “trabalho igual ou de valor igual” considerando as remunerações base no setor privado e no setor empresarial do Estado.

De acordo com o estudo, a diferença salarial entre homens e mulheres é maior nas empresas privadas (22,5%), que nas empresas públicas (13%).

A desigualdade é ainda mais elevada quando são comparados os ganhos nas qualificações mais altas, atingindo um diferencial de 26,1% entre os quadros superiores.

Quando são comparados os ganhos mensais, e não apenas o salário base, o diferencial global sobe para 17,8%, já que os homens fazem mais trabalho extraordinário e recebem mais prémios.

Segundo a CGTP, as mulheres são muitas vezes penalizadas na atribuição de prémios devido às ausências ocorridas, sobretudo relacionadas com a assistência à família.

O estudo da central sindical, salienta que, a par da diferença salarial, as mulheres ocupam com maior frequência postos de trabalho em que apenas se recebe o salário mínimo nacional.

Refere que em abril de 2019 cerca de 31% das mulheres recebiam o salário mínimo, face a 21% dos homens.

Na Administração Pública, a desigualdade verifica-se no acesso de mulheres a cargos dirigentes, sendo que elas apenas são 40% do total de dirigentes superiores, apesar de constituírem 59% dos trabalhadores do setor, o que depois se reflete nos salários.

Para a diferença salarial existente entre mulheres e homens contribui também a precariedade laboral, dado que são as mulheres também as maiores vítimas desta situação.

No documento que a CGTP está hoje a divulgar, a central lembra que “mais de 32% dos trabalhadores por conta de outrem têm vínculos precários em Portugal no conjunto dos setores público e privado, afetando mais de 1.300 mil trabalhadores”.

Considerando só o setor privado, a precariedade ultrapassava os 36%.

O trabalho precário atinge sobretudo os mais jovens e as mulheres: 40% dos menores de 35 anos têm vínculos precários e mais de metade são mulheres.

“Além da insegurança laboral e de um mecanismo de chantagem, a precariedade é utilizada para pagar salários, em média, 30% mais baixos aos trabalhadores com vínculos precários, do que aos trabalhadores com vínculo efetivo”, diz a Inter no estudo, citando dados dos Quadros de Pessoal.

O estudo sobre a situação da mulher no mercado de trabalho está a ser hoje divulgado pela CGTP, em conferências de imprensa realizadas em vários distritos do país, para apresentar a Semana da Igualdade, que decorre a partir de segunda-feira.

A Semana da Igualdade é promovida pela CGTP-IN ao longo da próxima semana, em todo o país, com a participação de trabalhadores e representantes sindicais e contará com testemunhos, relatos de casos reais, plenários e ações de rua diversificadas, sob o lema “Emprego de Qualidade — Viver e Lutar pela Igualdade”.