“Mulheres recebem menos medicamentos específicos para o enfarte”

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[Fotografia: Aki Tolentino/Unsplash]

O enfarte do miocárdio manifesta-se de forma diferente nos homens e nas mulheres, com sintomas mais amplos e mais difusos no sexo feminino do que no masculino. Para lá destas diferenças, a rapidez com que se atua, bem como o tempo que se leva a pedir cuidados médicos fazem engrossar as sequelas este pesadelo na vida das mulheres.

Quem o diz é a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e a propósito das diferenças da incidência de género nesta doença, e que esta semana surpreendeu o cantor Tony Carreira, internado de urgência no Hospital de Faro e considerado “estável” após cateterismo.

“Estudos comparativos mostram que de uma forma geral, as mulheres recebem menos medicamento específicos para o enfarte”, explica a vice-presidente da SPC em resposta por escrito ao Delas.pt. Mas Ana Teresa Timóteo adianta ainda que há outros fatores distintivos que não ajudam as mulheres perante um acidente desta natureza e desta dimensão. “Nas mulheres, os sintomas são mais vezes atípicos, ou seja, apresentam-se de forma menos habitual e por isso não são valorizados adequadamente quando avaliados no serviço de urgência”, justifica.

A também consultora de Cardiologia no Hospital de Santa Maria e professora da especialidade na Universidade Nova de Lisboa prossegue: “Por outro lado, elas frequentemente desvalorizam os sintomas porque acham que, por serem mulheres, não estão em risco de terem enfarte e recorrem frequentemente mais tarde aos cuidados médicos.”

Atraso que, sublinha a especialista, “é relevante porque quanto mais atrasado for o tratamento maior a probabilidade de terem complicações relacionadas com o enfarte.

Um somatório de elementos que, no final se traduzem “numa maior mortalidade relacionada com o enfarte no sexo feminino”, alerta Ana Teresa Timóteo.