Mulheres rejeitam rótulos sexuais

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O que é que Kristen Stewart, Cara Delevingne ou Miley Cyrus têm em comum, para além de serem mulheres? A resposta tem a ver com a sexualidade. E não é fácil de dar, porque qualquer uma destas estrelas tem um brilho diferente quando se trata da vida sexual. São lésbicas? Há quem diga que sim, elas incluídas. São heterossexuais? Também, uma vez que são amantes confessas do sexo masculino. São bissexuais? Sim, já que admitiram, mais do que uma vez, ter relações com pessoas de ambos os sexos. Então em que é que ficamos? Bem-vindas a uma nova realidade, em que a definição das preferências sexuais femininas vai para além de qualquer rótulo.

É uma sondagem recentemente publicada na revista Glamour que confirma que podem gostar de homens, de mulheres, de ambos sem que isto as torne seja o que for. Para a maioria (63%) das mais de mil inquiridas com idades entre os 18 e os 44 anos, definir a identidade sexual não é assim tão simples ou linear. Para estas, a orientação sexual é algo que pode, de facto, mudar.

E muda. Ao todo, 47% confirmam já se terem sentido atraídas por outras mulheres, com 31% destas a irem mais além, tendo mesmo uma experiência sexual com uma mulher, que incluiu beijos (93%), toque nos órgãos genitais (85%), sexo oral – dar (63%) e receber (55%).

Margaret, 59 anos, é uma das inquiridas e o exemplo de que nada é definitivo. No seu testemunho, revela ter-se assumido como lésbica aos 19, ter vivido com uma mulher durante uma década para, depois, ter percebido que afinal gostava de homens. “Estava no nosso quarto quando percebi que já não era lésbica. Foi como se alguém tivesse ligado um interruptor.” Por isso, aos 38, voltou a assumir-se, mas desta feita como heterossexual e está casada há 17 anos.

O liberalismo parece ter chegado, assim, à vida sexual feminina, que se livrou dos puritanismos e da rigidez dos rótulos para ir mais além. Mas atenção que, apesar de não parecer, também aqui há limites. E a sondagem também os mostra, revelando que 63% das mulheres inquiridas não está disposta a sair com homens que tenham mantido relações sexuais com outros homens. Quanto à tradição, essa mantém-se igual a si mesma quando se questionam as mulheres sobre a importância do sexo. Muita coisa pode mudar, mas a ideia de que há coisas bem mais importantes para uma mulher, numa relação, do que a atividade sexual, essa mantém-se a mesma, com apenas 3% a declararem ser este o aspeto mais importante.

Citado pelo artigo, Ritch C. Savin-Wiiliams, diretor do laboratório sobre sexualidade e género da Universidade norte-americana de Cornell, confirma que as mulheres, sobretudo as mais jovens, já não têm a necessidade ou obrigação de escolher um rótulo para a sua vida sexual. Em vez disso, decidem ser elas a criá-lo, “inventando os seus próprios termos”.