Mulheres travadas quando chegam quase ao topo, e são três as “barreiras invisíveis”

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[Fotografia: Pexels/Fauxels]

O estudo Women Matter analisou 45 empresas em Portugal e Espanha que empregam mais de 300 mil pessoas. Nele, constatou-se que, apesar de “Portugal liderar em termos de paridade da força de trabalho na União Europeia” (50 % mulheres e 50% homens), as portuguesas são travadas quando quase chegam ao topo, uma vez que continuam a registar uma enorme diferença na progressão profissional, ocupando apenas 6% dos cargos executivos (CEO) em comparação com 31% dos homens.

Fonte da empresa autora do estudo, a McKinsey & Company, esclarece que “nos conselhos de administração, com a imposição de quotas, a percentagem de mulheres tem vindo a crescer, estando em paridade com os homens nos 31%”.“No entanto, apenas 6% das mulheres ascendem ao cargo de CEO segundo o Banco Mundial, e apenas 9% na nossa amostra.”

Mas, afinal, o que está a travar as mulheres de progredirem naturalmente até ao topo e já tendo ao dispor as ferramentas para a igualdade? Apesar da fonte oficial do estudo considerar que “estar no topo a nível da União Europeia em termos de paridade da força de trabalho é sempre um bom indicativo e também uma resposta positiva do tecido empresarial nacional face às recentes medidas implementadas para combater as desigualdades de género”, reconhece que “este dado deve ser acompanhado por mais e melhores condições quer em termos de progressão de carreira, quer em termos de flexibilidade de trabalho para as mulheres.”

Para a responsável do estudo, os travões estão entre a sala de reuniões da empresa e a sala de estar lá de casa. Sobre o primeiro, “apesar de esforços significativos, o crescimento da presença de mulheres nas carreiras da STEM continua a ser pouco significativo, não atingindo o nível dos homens”. “Aliado a este facto, a verdade é que as dinâmicas atuais ainda não estão configuradas para o sucesso das mulheres no mundo empresarial. As mulheres sentem que têm menos oportunidades de desenvolvimento que os homens (64% versus 76%)”, refere fonte oficial. Sustentando esta análise, o estudo revelou que cerca de 41 % das mulheres exercem mais funções de staff (administração, finanças, recursos humanos) contra 28% dos homens.

Num segundo patamar, a “investigação mostra que as mulheres participam mais em programas de flexibilidade, mas, em contrapartida, registam uma menor presença em programas de mobilidade (2% versus 9% nos homens), que é “muitas vezes necessária para a ascensão à posição de CEO”, assegura a mesma fonte.

É ainda constatado que 85% das mulheres acreditam ser promovidas de igual forma no início da carreira versus 88% dos homens, contudo 59% sente-se menos confiante em ser promovida após os 5 anos de experiência em comparação com 73% dos homens. Esta insegurança pode ser justificada – e eis que chega o terceiro travão – com “o maior peso das responsabilidades familiares” ou “a menor participação em programas de mobilidade geográfica”.

No que toca à execução de tarefas domésticas, os dados evidenciam serem as mulheres as mais dedicadas. “O maior peso das responsabilidades familiares e tarefas domésticas – 49% versus 15% nos homens – são outras das barreiras no caminho das mulheres para a liderança.”

Verifica-se igualmente uma diferença em termos de ambição em alcançar posições de topo (36% das mulheres contra 43% dos homens), que se pode dever “à perceção de que não têm as mesmas oportunidades de subir a escada organizacional face os seus homólogos masculinos”.

Para que as mulheres possam ascender a cargos de topo, a mesma fonte considera que “as empresas não precisam de lançar muitas iniciativas, devem sim concentrar-se naquilo que sabemos que funciona: oferecer oportunidades de desenvolvimento que exijam resultados, proporcionando flexibilidade num sentido amplo e apoio nos momentos chave da sua carreira, especialmente no primeiro salto para responsabilidades de gestão que, muitas vezes, coincide com a maternidade.”