Uma em cada três é empregadora, mas ainda ganha menos 220 euros por mês que os homens

pexels-andrea-piacquadio-920382(1)
[Fotografia: Andrea Piacquadio/Pexels]

As mulheres ocupam quase um terço dos cargos dos Conselhos de Administração das empresas cotadas, mas ganham, em média, menos 220 euros/mês do que os homens em Portugal, sendo mais vulneráveis à pobreza e desemprego.

Segundo o perfil da mulher trabalhadora em Portugal divulgado pela Pordata, “a evolução histórica é notória, mas há ainda caminho a percorrer no que respeita à situação laboral das mulheres e mães portuguesas”.

Como “sinais de mudança”, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos aponta o facto de as mulheres estarem hoje “mais presentes nos cargos de decisão das empresas”, com “quase um terço” (31%) dos cargos dos Conselhos de Administração das cotadas em bolsa em 2021 a serem ocupados por profissionais do sexo feminino.

Este valor faz de Portugal o 11.º país da UE27 (27 países da União Europeia) com maior peso das mulheres nos Conselhos de Administração das empresas, sendo “notória” a evolução neste indicador, já que em 2010 o peso das mulheres era de 5,4% e, em 2009, de 3,7%.

A crescer tem estado também o peso das mulheres empregadoras, sendo atualmente do sexo feminino quase um em cada três empregadores em Portugal, seis vezes mais do que em meados dos anos 70. No contexto da UE27, nota a Pordata, “Portugal é o quarto país onde o peso das empregadoras é mais elevado”.

Também na política as mulheres têm vindo a “ganhar terreno”, com o peso das mulheres no parlamento nacional a duplicar entre 2003 e 2021.

Em 2021, Portugal era o sétimo país da UE27 com maior peso das mulheres na assembleia legislativa (40,9%), sendo que “apenas a Suécia e a Finlândia têm mais de 45%, mas em nenhum país elas estão em maioria”.

Os dados disponíveis apontam ainda que a maior escolaridade protege mais as mulheres do que os homens: “Em 2021, a taxa de desemprego das mulheres foi superior à dos homens em todos os níveis de escolaridade, exceto para o ensino superior”, nota a Pordata.

De destacar também a diferença salarial entre homens e mulheres – elas ganham, em geral, menos 220 euros por mês do que eles – e o facto de esta diferença se acentuar nos níveis mais elevados.

Assim, nos quadros superiores as mulheres ganham menos 700 euros do que os homens e, entre os profissionais altamente qualificados, menos 326 euros.

Esta disparidade salarial sente-se particularmente no setor das atividades financeiras e dos seguros, onde as mulheres ganham menos 624 euros, seguindo-se o setor da saúde, com uma diferença de mais de 380 euros, e da educação, com 349 euros de diferença.

A Pordata apurou ainda as diferenças da situação das mulheres em Portugal face aos restantes países da União Europeia, tendo verificado que Portugal é o nono país da UE27 com maior peso de mulheres a trabalhar – cerca de sete em cada 10 –, tendo a presença de mulheres aumentado 14 pontos percentuais desde 1993.

CB com Lusa