FIFA acaba com os ‘zooms’ de adeptas giras agora que o Mundial está no fim

Os canais que transmitem os jogos de futebol do Mundial de 2018, que decorre na Rússia e termina este domingo, 15 de julho (com a final entre a França e a Croácia, na RTP1, 15.30 horas), foram encorajados a não exibir imagens de adeptas bonitas e sensuais que estão nos estádios a assistir aos jogos.

O pedido foi feito pela FIFA e Federico Addiechi, o responsável pela organização que está a lidar com o sexismo neste Mundial, afirmou que a solicitação foi feita “individualmente”, junto dos “serviços de broadcasting”.

Se esta medida será ou não definitiva para o futuro, o diretor revelou, citado pela estação pública britânica BBC, que “esta é uma das atividades que, definitivamente, vamos desenvolver no futuro – é uma evolução normal”. Embora não exista, no momento, uma “campanha proativa” nesse sentido, Addiechi declarou que “vão ser tomadas medidas contra o que está errado”.

30 casos de assédio registados no Mundial 2018

De acordo com os dados apresentados, esta quarta-feira, 11 de julho, pela Fare Network, foram reportados 30 casos de assédio sexual durante este campeonato mundial. Denúncias que, revelou o diretor-executivo daquela entidade, Piara Power, estão a ser investigadas e trabalhadas com os organizadores do campeonato locais e com as autoridades policiais russas.

O responsável da associação não-governamental, que trabalha em parceria com a FIFA e no âmbito do combate à discriminação e sexismo, acredita que o número real pode ser dez vezes maior, considerando existir casos que não foram reportados.

Piara Power adiantou, segundo o jornal brasileiro Folha de S.Paulo, que cerca de 15 denúncias envolveram jornalistas que foram alvo de assédio durante o trabalho que desenvolviam em reportagens nas ruas das diversas cidades e estádios russos, e onde decorreram os encontros.

Caso português: o plano do peito que fez estalar a polémica

Em 2017, precisamente a 5 de agosto, a equipa televisiva que filmava e realizava a transmissão da Supertaça Cândido de Oliveira, na RTP1, fez zoom out de uma adepta, levando a imagem ao detalhe de focar o peito da benfiquista.

O movimento de câmara ousado fez estalar a polémica, tendo levado, por um lado, a um pedido de desculpa por parte do realizador, Ricardo Espírito Santo e, por outro, à própria benfiquista a ter sido obrigada a fechar o seu mural de Facebook devido a uma verdadeira inundação de posts. Grande parte das reações, como avançou o Delas.pt à data, eram insultos à própria adepta que tinha acabado de ser vítima de algo que não só não tinha pedido, como nem sequer imaginava.

Imagem polémica da Supertaça Cândido Oliveira, 2017 [Fotografia: DR]
O realizador do encontro, numa mensagem de Facebook, veio falar de “um plano que envergonha valores fundamentais. Um zoom out que começava num seio de uma adepta benfiquista”. E acrescentava: “Escuso-me a entrar em detalhes acerca da forma como realizo futebol mas, sem querer soar a justificação – este plano não devia ter sido emitido, ponto final – sempre digo que o que aconteceu foi completamente involuntário. Completamente involuntário”.

Ouvidas pelo nosso site no rescaldo da polémica, as principais jornalistas e pivôs de desporto de canais nacionais elogiaram o mea culpa do realizador e lembraram que o futebol se comporta como a publicidade.

“Funciona como o espelho da sociedade, há uma exploração do corpo da mulher em termos comerciais”, afirmava Cláudia Lopes. A jornalista e pivô da TVI24 sublinhava também que a “mulher não” era “um bibelô”, que era hora de olhar para esta realidade de forma transversal “e em todos os desportos”, salvaguardando, contudo, que “se o corpo não” era “para expor”, também não” era “para esconder”.

Mulheres adoram bola e não perdem a seleção nacional

O rosto feminino do desporto da SIC Notícias, Rosa Oliveira Pinto, falava num “erro” que não se podia repetir no futuro, mas que imagens de “mulheres e homens bonitos” deviam “ser colocadas no ar”.

“Sim, sim. Também podiam focar homens bonitos nas bancadas”, concordava Inês Gonçalves, pivô da RTP e um dos rostos da cobertura da estação pública neste Mundial. Lembrava, porém, que a proliferação deste tipo de imagens se devia a hábitos antigos e ao facto de se tratar de uma modalidade assistida, sobretudo, por homens. (releia a reportagem na íntegra aqui).

Imagem de destaque:Filipe Amorim/Global Imagens

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