Quatro homens e quatro mulheres começam esta terça-feira, 12 de abril, a disputar o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas. Com António Guterres, antigo primeiro-ministro socialista e até ao ano passado responsável no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), é o português que está na corrida, a par de candidatos da Moldávia, da Nova Zelândia, da Macedónia, da Croácia, da Eslovénia e do Montenegro. A maioria dos candidatos, que dispõe de apenas 10 minutos para apresentar em audição prévia as ideias com as quais se propõem a mudar o mundo, tem já vasta experiência nas Nações Unidas (cinco em oito).
Num processo em que as candidatas mulheres parecem, à partida, conquistar vantagem sobre os homens, António Guterres, em declarações à TSF, explicou já um dos eixos principais do seu discurso de cerca de duas mil palavras: a paridade no Conselho Executivo. “A vida inteira procurei ser sempre fiel às questões da igualdade de género. As quotas no PS foram introduzidas no meu tempo, tentei fazê-lo na Assembleia da República mas sem êxito na altura, e no ACNUR alcançamos a paridade ao nível da alta direção. Compete à Assembleia Geral e ao Conselho de Segurança decidirem sobre o que acham melhor para as Nações Unidas”, afirmou.
“A vida inteira procurei ser sempre fiel às questões da igualdade de género”, declarou António Guterres à TSF, em véspera de ser ouvido nas Nações Unidas, onde corre ao cargo de secretário-geral
Após esta curta apresentação, cada candidato deverá responder a perguntas que vão ser colocadas pelos Estados-Membros em sessões que não devem exceder as duas horas de duração. Estas audições, realizadas pela primeira vez em 70 anos de existência da Organização das Nações Unidas, pretendem introduzir mais transparência no processo de seleção daquele que irá suceder ao atual secretário-geral, Ban Ki-Moon, que transfere a pasta a 1 de janeiro de 2017.
O modelo, segundo o qual cabia ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a escolha final, deverá manter-se mais ou menos semelhante, sendo que a seleção final será feita à porta fechada e com direito de veto por parte dos membros permanentes – Reino Unido, França, China, Rússia, Estados Unidos. Porém, a escolha final deverá depois ser submetida à aprovação da Assembleia Geral.