Nadia Calvino, a candidata espanhola para suceder a Centeno no Eurogrupo

Nadia Calvino EPA JJGUILEN
[Fotografia: J.J. Guillen/EPA]

O Governo espanhol anunciou esta quinta-feira, 25 de junho, a candidatura da sua ministra da Economia, Nadia Calvino, de 51 anos, para substituir o português Mário Centeno, com 53, na presidência do Eurogrupo. “A vice-presidente económica do Governo, Nadia Calvino, será candidata à presidência do Eurogrupo, um órgão fundamental para a cooperação entre os membros da zona euro e para a construção de uma Europa mais forte e mais unida”, segundo comunicado enviado às redações.

Madrid informa ainda que “Espanha vai hoje formalizar a sua candidatura” e que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, considera que seria “uma honra para o Governo espanhol” se Nadia Calviño pudesse presidir ao Eurogrupo, “uma responsabilidade que a Espanha nunca exerceu e que nunca foi exercida por uma mulher antes”.

Os países da zona Euro têm até esta quinta-feira para apresentar os seus candidatos ao cargo e a eleição terá lugar na próxima reunião do Eurogrupo, no início de julho. Para ser eleito, o futuro presidente terá de contar com o apoio de pelo menos 10 dos 19 países da zona Euro e assume o cargo em 13 de julho para um mandato de dois anos e meio.

Há já vários meses que Nadia Calvino tem vindo a ser apontada como uma das grandes favoritas à sucessão de Mário Centeno, mas a ministra espanhola sempre recusou assumir uma candidatura enquanto o ministro português não desvendasse se era ou não candidato a um novo mandato.

Madrid vai ter agora de tentar receber o apoio necessário para eleger a sua candidata numa escolha em que pesam muito a sua família política (socialista), o seu sexo e o equilíbrio com outros cargos europeus de topo que o país já tenha.

A ampla experiência comunitária de Calvino, que trabalhou 12 anos na Comissão Europeia, quatro dos quais (2014-2018) à frente da Direcção-Geral dos Orçamentos, é apresentada como uma mais-valia.

Espanha já tem um dos quatro postos que foram distribuídos após as eleições europeias de 2019, o de alto representante para a Política Externa da União Europeia para o socialista Josep Borrell, enquanto a nível económico o antigo ministro do Partido Popular (direita) Luís de Guindos é vice-presidência do Banco Central Europeu desde 2018 – na altura substituiu o português Vítor Constâncio (socialista).

Entre os parceiros da zona euro, Calvino teria dificuldade em obter o apoio do grupo de países austeros – Países Baixos, Áustria, Dinamarca e Suécia – depois de ter estado no lado oposto na mesa de negociações sobre o plano de recuperação europeu após a pandemia.

Eleito em 4 de dezembro de 2017 para a presidência do Eurogrupo, por um período de dois anos e meio, Centeno vai despedir-se do cargo em julho, tornando-se o primeiro presidente do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro a cumprir apenas um mandato.

Centeno foi o terceiro presidente do Eurogrupo, depois do luxemburguês Jean-Claude Juncker (2005-2013) e do holandês Jeroen Dijsselbloem (2013-2018). O anúncio em 9 de junho que Mário Centeno abandonava o cargo de ministro das Finanças também o afastou da possibilidade de continuar como presidente do Eurogrupo, um lugar que tem de ser exercido por um dos ministros daquele conjunto de países.

CB com Lusa

A antiga atleta e a mãe de sete. Lagarde e Ursula, as mulheres para a difícil Europa