Namoro ou casamento, onde somos mais felizes?

Namoro ou casamento, onde somos mais felizes?
Namoro ou casamento, onde somos mais felizes?

A grande pergunta que os casais fazem é se são mais felizes enquanto namorados ou depois de casados. “O namoro tende a ser um período de conquista, de esforço mutuo para conhecer e chegar até ao outro, de partilha e de sedução. Naturalmente, após algum tempo, esse esforço para estar, para agradar e para compreender acaba por ser menos intenso”, explica ao Delas.pt o terapeuta familiar da Oficina de Psicologia, Gustavo Pedrosa.


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Segundo o especialista, a vida em conjunto acontece por norma quando a relação está solidificada e a fase de namoro permitiu consolidar o amor entre o casal. “O desafio principal na vida a dois diária, quer seja em união de facto quer seja em matrimónio, passa pela transição de amor apaixonado para um amor mais companheiro”, prossegue Gustavo Pedrosa. “A aceitação e perceção de que o casal viverá ciclos de vida diferentes, e que em cada ciclo da sua relação os afetos tenderão a ser vividos e expressados em intensidades e formas distintas, é fulcral para que a relação amadureça ao invés de entrar em rutura”, aconselha.

“Será uma expectativa idealizada esperar que as borboletas na barriga e o ritmo cardíaco muito acelerado das primeiras semanas de namoro se prolongue por anos e anos de relação.”

O casal deve assumir a comunicação como um ingrediente chave para manter a felicidade, uma comunicação que permita ir refletindo sobre o que sentem, as mudanças que sentem, as necessidades que surgem e que permita também criarem soluções a dois. “Pode namorar-se, viver junto ou mesmo estar casado, mas será uma expectativa idealizada esperar que as borboletas na barriga e o ritmo cardíaco muito acelerado das primeiras semanas de namoro se prolongue por anos e anos de relação”, garante o terapeuta familiar da Oficina da Psicologia. “É importante que o casal crie momentos propícios à paixão numa relação mais estável, mas serão igualmente importantes os momentos de uma partilha mais serena, de uma socialização com pares, até de alguma rotina.”

“É necessária a capacidade de readaptação para se viver com alguém para que as rotinas, os espaços, pertences e momentos pessoais se interliguem e interajam de forma harmoniosa.”

Gustavo Pedrosa explica que viver com alguém não é acrescentar simplesmente mais uma pessoa a uma habitação. Viver com alguém é aprender um novo modelo de gestão do quotidiano, em que hábitos, espaços, responsabilidades, tarefas e expectativas são partilhadas. “É necessária a capacidade de readaptação para se viver com alguém para que as rotinas, os espaços, pertences e momentos pessoais se interliguem e interajam de forma harmoniosa”, prossegue. “Terá necessariamente que existir cedência e negociação regulares. Assim, as dificuldades não levam obrigatoriamente à infelicidade ou rutura, mas sim a uma readaptação.”

O especialista defende que um casal deve assim entender que a vida a dois é um processo de permanente ajuste, que demora o seu tempo e tem as suas fases. “A comunicação deverá ser clara e pouco crítica, para que cada um se sinta à vontade para partilhar as suas necessidades e limites.”