Não é não e estas miúdas aprendem a dizê-lo desde cedo

Nas escolas dos bairros pobres de Nairobi, Quénia, não se aprendem apenas o alfabeto e a matemática. Raparigas e também rapazes são agora igualmente ensinados a dizer não à cultura da violação, ainda enraizada naquele país africano.

Quase metade, 45%, das mulheres quenianas, com idades entre os 15 e os 49 anos, já experienciaram qualquer tipo de violência física ou sexual.

Para combater isso, a organização não-governamental ‘No Means No – Ending The Global Rape Epidemic’ (em português, ‘Não é Não – Acabar com a Epidemia Global da Violação’) realiza, em conjunto com organizações locais, técnicas de defesa pessoal a adolescentes e jovens adultas, dos 10 aos 20 anos, ao mesmo tempo que faz ações de sensibilização acerca da importância do consentimento na relação sexual.

Mas tudo tem início nas palavras e em saber dizer não.

“Quando trabalhamos com as raparigas, começamos, sobretudo, pelas ferramentas verbais, pela assertividade, o estabelecimento de limites e como dizer ‘não’ de forma eficaz”, explica a americana Lee Paiva, fundadora e presidente da ONG.

Caso esses limites e o ‘não’ sejam desrespeitados, as jovens são ensinadas a defender-se fisicamente.

Sendo muitas vezes os agressores, os rapazes também são envolvidos neste processo de educação. Aprendem a opor-se à violência que é exercida contra as mulheres e a intervirem sempre que presenciam um ato de abuso físico ou sexual.


Veja no site da organização uma reportagem em vídeo com os alunos alvo do programa.


Antes destas ações, mais de 80% dos rapazes dizia que as raparigas que usavam minissaia era porque queriam ter sexo. Depois dessas ações, essa perspetiva passou a representar 30% das opiniões.

Esse é um dos progressos registados, pela organização, nas comunidades onde intervém. Veja quais foram os outros na nossa fotogaleria.

Fundada em 2006, a No Means No já abrangeu, com o seu programa educativo, mais de 300 mil raparigas e rapazes, no Quénia e no Malawi.

 

Fotografias: Shutterstock