Natacha Magalhães é uma escritora amada do público juvenil caboverdiano. Na Escola Secundária Cónego Jacinto, na cidade da Praia, talvez seja ainda mais. A escritora foi ali professora em 1983 e ali ensinou latim, depois português, até aceitar um convite de uma empresa privada e se tornar técnica de comunicação. Quando sobe ao palco, já depois de ter assistido, na primeira fila, a uma sessão de leitura feita pelos alunos daquela escola, está à vontade entre os alunos – dá ordens para organizar a sequência das perguntas e chega a repreender com carinho duas alunas que estão, já para o fim da sessão a conversar em vez de ouvir. Parece que ser professora é como andar de bicicleta – uma vez que se aprende, nunca mais se esquece.

A assistência, nesta conversa com a autora que o Festival Morabeza a decorrer em Santiago até este domingo patrocina, está no sétimo e no oitavo ano de escolaridade. Levam as perguntas preparadas, escritas num papelinho. A maioria tem alguma vergonha em falar ao microfone. Mas André Mendonça destaca-se: “Sou teu fã e queria saber porque é que o teu livro se chama ‘Mãe, conta-me uma história‘”. As perguntas dos alunos são um ótimo pretexto para conhecer a obra da autora que lançou o seu primeiro livro em 2010. ‘Mãe, conta-me uma história’ é uma coletânea de contos que Natacha escreveu depois de os ter inventado para o filho.

“Passei para o papel o que já tinha imaginado”.

O processo criativo de Natacha, depois de 4 obras publicadas, mantém-se: “A realidade, as coisas do quotidiano fazem-me escrever. Tenho um conto que ainda não está publicado que é sobre umas sapatilhas, uma sapatilhas de uma menina que quer jogar à bola e até joga muito bem. As raparigas também podem jogar à bola, não é?” Além deste conto, Natacha afirma ter mais textos na gaveta, mas alguns estão quase a sair.

Para o próximo ano a escritora caboverdiana espera publicar o seu primeiro livro de contos para adultos, baseados, como sempre, nas vivências do quotidiano de Cabo Verde.