Nelson Mandela, o herói de um mundo melhor que não esqueceu as mulheres

Nelson Mandela faria esta quarta-feira, 18 de julho, 100 anos. A data é assinalada por todo o mundo (e Portugal não é exceção), com várias iniciativas que lembram a importância desta figura histórica mundial e símbolo maior da luta e resistência contra o regime racista do apartheid, na África do Sul.

Advogado e ativista do Congresso Nacional Africano (ANC), Mandela foi preso em 1962, numa altura em que o governo do apartheid intensificava a sua brutal opressão sobre os seus opositores políticos.

Na altura, com 44 anos, o político do ANC não imaginava que passaria os 28 anos seguintes na prisão. Nelson Mandela seria libertado apenas a 11 de fevereiro de 1990. E talvez não imaginasse também que viria a ser o primeiro presidente de uma África do Sul democrática, nem uma inspiração para milhares de pessoas em todo o mundo.

Nelson Mandela, que em 1993 venceu o Nobel da Paz, viria a ser presidente da África do Sul entre 1994 a 1999, sendo considerado o mais importante líder da chamada África Negra, e “pai da moderna nação sul-africana”, onde é apelidado de Madiba.

A sua eleição permitiu firmar a democratização no país e os direitos das mulheres foram incluídos nesse processo.

Uma das primeiras medidas foi o reconhecimento das mulheres que também lutaram contra o apartheid e a instituição do Dia Nacional da Mulher, a 9 de agosto, e a partir de 1995, como feriado nacional. A data evoca o 9 de agosto de 1956, quando mais de 20 mil sul-africanas, muitas da ala feminina do ANC, marcharam em direção ao parlamento para protestar contra a legislação da altura que obrigava as mulheres negras a usar credenciais, nas áreas urbanas.

“Estas mulheres foram corajosas, persistentes, entusiásticas, incansáveis e o seu protesto foi um marco sem paralelo nos protestos contra o governo”, escreveu Mandela na sua biografia, citada pela CNN.

Quando se tornou presidente, Mandela proporcionou – com a sua defesa da igualdade de género e do empoderamento das mulheres – um aumento da percentagem de mulheres em cargos governamentais. Dos 2,7% postos ocupados por mulheres, em 1990, a África do Sul passou a ter uma representação feminina de 27%, em 1994.

Com Mandela, as mulheres sul-africanas passaram também a ter maior acesso gratuito aos cuidados pré-natais e neo-natais, no sistema nacional de saúde, e aos cuidados básicos de saúde para os filhos, com idades até aos seis anos.

Enquanto presidente, introduziu na Constituição de 1996 a criminalização da discriminação das mulheres. Antes disso, em 1995, colocou o país na lista dos subscritores da convenção de 1979 das Nações Unidas para acabar com todas as formas de discriminação contra as mulheres.

As suas políticas de género, aliadas ao seu charme natural, granjearam-lhe sempre a admiração das mulheres, um pouco por todo o mundo – como pode ver na galeria em cima – incluindo a de várias figuras públicas, que se associaram a diferentes causas solidárias que Mandela apadrinhou ou apoiou, como a modelo Naomi Campbell ou a atriz Charlize Theron.

Além de se assinalarem os 100 anos do seu nascimento, desde 2009 que a ONU instituiu 18 de julho como o Dia Internacional Nelson Mandela. A efeméride associada à data do seu nascimento serve para valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, justiça e democracia que corporizou. Nelson Mandela morreu em dezembro de 2013.

 

Imagem de destaque: Reuters