Nesta aula de ginástica só se trabalham os pés

Chegar, tirar os sapatos, as meias. E já está! Nesta aula de ginástica, a preparação para o esforço físico parece simples. No entanto, isso não passa de uma ideia que pode não corresponder bem à verdade.

A modalidade de mobilidade Bare Foot apenas olha para os pés, mas o desafio começa, exatamente, na cabeça. “Comecem por levantar o dedo grande de cada pé, deixando os restantes colados ao chão”, pede o fisiologista Pedro Amaral. E começam as tentativas. “Agora, vamos fazer ao contrário!”

 

Parece fácil, não? Pois, e que tal experimentar fazê-lo em casa e agora mesmo, enquanto lê este texto? E se quase todos os ousados irão conseguir cumprir esta tarefa, o desafio está no tempo para lá chegar: é necessária muita concentração para movimentar ao detalhe os 26 ossos do pé e as mais de três dezenas de músculos.

A complexidade do exercício vai depois evoluindo ao longo de 30 minutos da aulas de mobilidade Bare Foot. E o que começa por exigir concentração, rapidamente evolui para desafios de equilíbrio. “Muitos dos problemas dos quais as pessoas se queixam, por exemplo, de coluna partem de problemas de postura e dos pés”, explica o fisiologista ao Delas.pt, garantindo que, apesar de se tratar de uma modalidade independente [duas vezes por semana a partir de 49,90 euros], muitos dos praticantes do ginásio BeeWoman e clínica agregada BeeLife, Lisboa, já começam as suas práticas físicas exatamente com os pés no chão.


( Filipa Bernardo/ Global Imagens )

 

“Estamos a criar esta modalidade em contexto especializado”, refere Sofia Almeida. A responsável dos ginásios revela ao Delas.pt que esta prática apenas é aplicada “após consulta, avaliação clínica e plano de treino desenhado pela equipa médica, que é composta por dois fisiatras, um cardiologista e um médico familiar”.

Ir fazendo a preparação, mas com regras

“Comecei a pensar em treinos desta natureza quando percebi que quer numa perspetiva de bem-estar, quer numa perspetiva de longevidade, quer de qualidade de vida, esta aposta pode melhorar em muito a vida das pessoas”, refere o especialista, que sublinha: “Andar é a terceira coisa que começamos a fazer depois de nascermos, mas não nos lembramos mais disso.

Por isso, o objetivo destas aulas, que incluem bolas, barras e muita concentração e equilíbrio, “é dar às pessoas a consciência dos pés, do valor da mobilidade e de estruturação e bom posicionamento do corpo” que permitem, numa análise posterior, melhorar a prática de outras modalidades desportivas, entre elas Pilatos ou Yoga, como justifica Amaral. “O segredo é manter os três pontos dos pés – dedo grande, dedos pequenos e calcanhar – sempre no chão”, garante o especialista, que pede para que se ande mais tempo “descalço”. Impedimentos: só as “próteses”, explica Pedro Amaral.

Imagem de destaque: Filipa Bernardo/Global Imagens

As novas modalidades fit para 2019