Nesta marca os modelos são de quatro patas

Esta segunda-feira, 1 de maio, entra em vigor o novo estatuto jurídico dos animais, que os reconhece como seres vivos dotados de sensibilidade e os autonomiza face a pessoas e coisas.

A nova lei reserva especial atenção aos animais de companhia, estabelecendo que estes devem ser “confiados a um ou a ambos os cônjuges, considerando, nomeadamente, os interesses de cada um dos cônjuges e dos filhos do casal e também o bem-estar do animal.”

Com ou sem estatuto, estes amigos de quatro patas há muito que são considerados parte da família e os portugueses são mesmo os europeus que mais os incluem no agregado, como revelou o estudo realizado pela HomeAway em 2015.

Esse é também o ano em que a designer de moda Anabela Lourenço decide pôr em prática o que tinha guardado na “gaveta das ideias” e lançar a marca Polo Pet, dedicada, precisamente, aos animais, como explica ao Delas.pt.


“O meu percurso profissional começou a esgotar-se em novidade, depois de dirigir um gabinete de design de uma marca nacional e em 2015 tive de fazer uma opção.”


A convivência que mantém desde sempre, e em ambiente familiar, com cães e gatos, o “carinho” que sente por eles e o facto de já ter um modelo para experimentar as peças ajudou na decisão de tornar os animais no alvo do seu trabalho.

“O Brisingr, um [gato] bosque da Noruega de 6 kg, que faz parte da família, é gato e veste tudo e é sempre o primeiro a testar cada nova peça, sejam quais forem; não rejeita absolutamente nada que lhe vista.”

Para passar a ideia à prática, estudou-a, elaborou um plano de negócio e realizou uma formação na Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE). O ponto de partida da sua linha de vestuário para animais – com sede em Matosinhos – foi uma peça clássica que os humanos conhecem bem.

“O polo piquet é a base de tudo, dos two legs [duas pernas] para os four legged [quatro patas]. Foram muitos anos a desenhá-los e talvez por isso tenham sido a inspiração para a primeira peça e o nome da marca.”


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Tal dono, tal pet
A semelhança com a versão humana é tanta que corre-se o risco de acontecer o contrário do que é usual e ser o dono a “roubar” a roupa do seu animal de estimação.

“As tendências dos two legs para os four legged são o ADN da marca , por vezes dizem-me que é tão giro que apetece usar também e já tem acontecido ouvir nos mercadinhos que fazemos: ‘se a badana não der para ‘ele’ fica para mim’”, diz Anabela.

O polo piquet está sempre disponível com as cores de cada estação e este verão são o verde e o rosa, com o estampado refletor, que ditam a tendência.

Os polos da coleção de verão da Polo Pet

 


Na fotogaleria pode ver outras peças da coleção da Polo Pet


Com fabrico 100% nacional, a oferta da Polo Pet não se esgota nos polos. Há camisolas de malha em riscas breton, bandanas para pôr ao pescoço, capas da chuva “em materiais que não fazem barulho e não assustam o cão ao passear”, trelas e coleiras.


“Além do design exclusivo, o detalhe refletor faz a diferenciação em cada peça, protege-o à noite quando vai passear na rua e sobretudo ao atravessar a rua.”


A marca de Anabela, cuja primeira peça que vendeu foi para uma gata, está agora a lançar camas para cães que podem ser personalizadas com a raça do animal.

Estética e “cãoforto”
A maioria dos animais de estimação é avessa ao uso de vestuário, que, muitas vezes, lhes atrapalha os movimentos e provoca desconforto. Para a criadora da Polo Pet é tudo uma questão de hábito, como nos humanos.

“Os animais reagem sempre a estímulos e se forem habituados/ estimulados a vestir, não são necessárias muitas tentativas até conseguir vesti-los, e sem qualquer problema. Sem fazer paralelismos diretos, é como educar uma criança: apresenta-se a nova ‘sensação’ e depois vai-se negociando.”

A entrada em vigor do novo estatuto dos animais não deverá mudar substancialmente a tendência, que já se verifica em muitas famílias e donos, de “humanizar” os bichos de estimação, através de acessórios e da prestação de certos cuidados.

“O estatuto ajuda a educar quem não pensava ou refletia sobre estas questões, para quem já tem essa consciência não interfere. Quem já veste os animais, por questões de frio no inverno ou porque estão cada vez mais humanizados – quando trazemos um Husky do gelo para a cidade já os estamos a humanizar -, não atua em função do novo estatuto do animal, mas sim em função de fazê-lo sentir-se parte integrante da família, dando-lhe um lar com amor e segurança”, conclui a designer.