Nobel da Paz 2020 entregue ao Programa Alimentar contra a Fome

programa alimentar fome EPA
[Fotografia: Yahya Arhab/EPA]

O Prémio Nobel da Paz foi atribuído ao Programa Alimentar Mundial (PAM) pelos esforços para combater a fome e para melhorar as condições para a paz em zonas de conflito, anunciou o Comité Nobel Norueguês, esta sexta-feira, 9 de outubro. O laureado, que irá receber o prémio a 10 de dezembro, em Oslo, irá receber o prémio de dez milhões de coroas suecas (quase um milhão de euros), para além de um diploma e uma medalha.

A escolha emergiu de uma lista de mais duas centenas de pessoas e 107 organizações de onde constavam candidatos como a Organização Mundial de Saúde e no âmbito do combate à pandemia provocada por Covid-19.

Ainda neste cenário de a pandemia servir de justificação para o prémio, nas últimas horas, alguns analistas inclinaram-se para a possibilidade de a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Arden, poder sair vencedora, pela forma como serviu de exemplo no combate contra a propagação do novo coronavírus no seu país, mantendo um dos mais baixos níveis de contaminação.

A crítica à forma como o Presidente dos EUA geriu a pandemia pode servir, em sentido contrário, para diminuir as hipóteses de Donald Trump receber o prémio que ele próprio já disse merecer, embora seja um dos nomeados, por indicação de um congressista republicano.

A ativista Greta Thunberg também está indicada (já no ano passado esteve) – mas será preciso que as questões ambientais dominem as preocupações do júri para que a jovem sueca seja escolhida – tal como o fundador da Wikileaks, Julian Assange, que está a ser julgado em Londres para saber se será extraditado para os EUA, onde é acusado de espionagem.

Outra ativista em destaque para o prémio é Loujain al-Hathloul, que tem lutado por reformas a favor dos direitos das mulheres na Arábia Saudita, tendo sido detida pela forma como demonstra as suas críticas ao regime dominado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

O líder da oposição russa, Alexey Navalny, que acaba de recuperar de um envenenamento na Sibéria (alegadamente cometido pelas autoridades do Presidente Vladimir Putin), também está na lista de nomeados, tal como o povo de Hong Kong, que se tem mobilizado em violentos protestos contra a nova lei de segurança imposta por Pequim a esse território semiautónomo.

As organizações não-governamentais Repórteres Sem Fronteiras e o Comité para a Proteção de Jornalistas estão na lista de nomeados, num ano em que muitos profissionais da comunicação têm visto o seu trabalho impedido ou a sua integridade física violentada.

Os especialistas também colocam na lista de potenciais vencedores o movimento Forças para a Liberdade e Mudança, do Sudão, onde uma revolução popular conseguiu afastar o Presidente Omar al-Bashir.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Aliança Atlântica (NATO) também ocupam lugar de relevo, pelas suas insistentes tentativas em manter a paz em longos e duros conflitos, em diversos pontos do planeta, tendo sido ainda salientado o esforço diplomático pela paz feito pelo Governo alemão, pelo que a chanceler Angela Merkel surge igualmente na lista, a poucos meses de abandonar a liderança do seu Governo.

CB com Lusa