Nos bastidores da moda infantil

Quando se passam as portas de vidro que nos levam até à Zippy esquecemos que estamos no edifício de uma das maiores empresas nacionais, a Sonae. O formalismo das grandes empresas fica de fora, somos recebidos com um sorriso e não precisamos de dar mais do que dois passos para nos deparamos com uma grande girafa de cartão e um placar repleto de fotografias de crianças. Os rostos infantis das pequenas fotografias são os de quem agora ali trabalha e a ideia é que estes nunca se esqueçam da infância – afinal é para as crianças que trabalham.

O espaço apesar de aberto divide-se em vários departamentos. Das vendas ao design, tudo o que envolve a marca (à exceção da produção) se encontra reunido naquele único piso que, além das secretárias e computadores tradicionais em qualquer escritório, se enche de roupa de criança por todo o lado. Quando chegamos ao departamento de design encontramos os sapatos do próximo verão espalhados no chão. Pode parecer cedo demais mas o processo de criação da Zippy leva muito tempo, já que envolve vários departamentos diferentes como nos explicou a Diretora de Produto Margarida Nascimento:

“Nós começamos com uma reunião onde estão todas as áreas representadas. Está o Sourcing, que identifica onde vamos mandar produzir as peças, que tipo de matérias-primas é que estão disponíveis no mercado e que podem competir a níveis de preço e de margem e também de fiabilidade dos nossos fornecedores em termos de qualidade e prazos de entrega. Está o Merchandising que são as pessoas que antecipam aquilo que as lojas estão a necessitar e depois fazem a alocação dos orçamentos de compras para as lojas. Está o Design que trás tudo o que é informação de tendências e de evoluções em termos de cores, em termos de modelos e de inspiração global para a estação. Quando chegamos todos a uma concordância, cada um começa a trabalhar na sua área até se chegar ao collection review em que a equipa volta a juntar-se para ver as peças finais, preços, imagens e começar a fechar a compra. A qualidade também está envolvida desde o início para garantir que os produtos cumprem as todas as normas.”

A Zippy começou a sua atividade em 2004, sendo a marca líder em Portugal no seu segmento. Em 2009 iniciou o seu processo de internacionalização ao abrir a primeira loja em Espanha. Hoje está presente em mais de vinte países com loja própria e em mais de quarenta se tivermos em conta os espaços multimarca. Só ano passado vendeu cerca de seis milhões de peças.

Como é que se desenha uma coleção para mercados tão diferentes como a Arábia Saudita ou o Perú? “Temos que ter em conta as especificidades de cada mercado. Por exemplo, na Arábia Saudita os vestidos têm que ser mais compridos do que os nossos, também não gostam de mangas cavas portanto temos que ter cuidado com as mangas, mesmo os tipos de cor e de adornos são diferentes. Gostam mais de brilhos, vende-se muito o prateado e o dourado. Ou seja, sem perder a nossa identidade Zippy temos que ser capazes de adaptar também àqueles mercados” explica-nos Margarida Nascimento. Essa identidade faz-se de um estilo preppy, onde a clássica roupa de criança – com quadrados, riscas, folhos, mangas balão e malhas- é adaptada às necessidades das crianças de hoje. Os hábitos das crianças de hoje é uma das maiores preocupações da marca e um dos pilares da sua essência como nos contou Ana Raquel Oliveira, Diretora de Marketing da Zippy Portugal:

“Temos como grande missão ajudar os pais no crescimento dos filhos. Nós somos uma marca especialista em crianças e especialista também no produto. A Zippy foi evoluindo no sentido de ser uma marca que não é só sobre produtos para criança, é sobre a melhor relação do mundo que é a relação entre pais e filhos. Estes doze anos, têm-nos permitido ganhar esta experiência e esta capacidade de perceber o que é que as crianças precisam, em cada estágio da vida delas, do seu crescimento, que é completamente diferente quando uma criança tem um ou dois anos ou quando tem cinco ou seis.”

As necessidades das crianças têm despertado respostas cada vez mais inovadoras, a linha antimosquito, que ganhou o prémio de “Inovação de Produto e de Marca”, dos prémios da APED, é uma delas. A esta inovação junta-se a linha de proteção UV e a antibacteriana, para além dos recém-lançados ténis que repelem a chuva. A inovação é um dos grandes pilares da marca, conta-nos Margarida Nascimento “Não queremos inovar por inovar, queremos desenvolver produtos que são úteis para os pais e que ajudam ao desenvolvimento das crianças por isso não temos que lançar um produto cada estação. Estamos a alargar o tipo de produtos que estamos a fazer, a reposicionar preço, estamos a tornar essas linhas relevantes dentro da nossa coleção, para que os pais ganhem confiança e se comece a ser um produto tradicional Zippy. A inovação é o desafio de toda a gente. Todos os anos temos o lançamento dos nossos planos estratégicos em que todos nós somos desafiados a por em cima da mesa ideias novas, coisas que possam fazer crescer a Zippy.”

Para além da inovação outro grande pilar da Zippy é baixo preço, conseguido através de um forte controlo no custo dos materiais e produção, mantendo a qualidade, um desafio que só é superado devido à grande comunicação entre todos os sectores da marca. Este compromisso entre preço e qualidade tem atraído um expecto muito lato de clientes, fenómeno que Joana Ribeiro da Silva, administradora da marca, diz dever-se não só ao valor mas também à identidade da marca: “É importante para a marca ter esse conjunto alargado de clientes, ser democrática. Na realidade, é o estilo da Zippy que tem atraído classes sociais completamente diferentes porque as crianças têm todas as mesmas necessidades e falamos para todas.”