Nova aposta da Marvel é lésbica e latina

Tem 18 anos, é estudante da fictícia Universidade de Sotomayor, latina e lésbica. Falamos-lhe de America Chavez, a personagem da Marvel criada em 2011 pela dupla Joe Casey e Nick Dragotta para lutar contra extraterrestres e proteger os colegas de turma de injustiças na minissérie Vengeance. Seis anos depois está de regresso como protagonista de uma banda desenhada que aborda questões sociais como o feminismo.

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A escritora Gabby Rivera, também homossexual e latina, é a responsável pela publicação que tem America Chavez como protagonista. Além da força sobre-humana e agilidade, a escritora quer fazer da heroína uma personagem com personalidade forte e consciência social. No entanto, não esconde que o facto de America Chavez ser lésbica a deixou assustada e com receio de vir a ser alvo de discriminação.

“Se estou preocupada com os imbecis? Não. Estou preocupada com a possibilidade de isso me impedir de contar a história. Estou preocupada com a possibilidade de crianças lá fora não poderem ler a história porque vivem num país liderado por imbecis. Isso é ridículo”, desabafou Gabby Rivera numa entrevista ao site Refinery 29.

A primeira edição de America foi lançada em março deste ano (pode ver as várias capas na galeria de imagens acima), mas foi a banda desenhada de abril que mais deu que falar. Nessa capa, America Chavez traz um vestido estampado com o padrão da bandeira norte-americana, uma cartola semelhante à de Tio Sam – personificação dos EUA e um dos símbolos nacionais mais famosos do mundo – e está numa posição semelhante à de Beyoncé no videoclip da música Formation.

Beyoncé no videoclip da música ‘Formation’

America é uma obra sobre representação, feminismo e lutar pelo que é certo. America Chavez é forte, fabulosa e não pede desculpas ao longo do caminho. Não consegui pensar em ninguém mais parecida com ela do que a Beyoncé. Fico contente por ver que foi tão bem recebida”, acrescentou Joe Casey, um dos criadores da personagem.

Maior diversidade na Marvel

Com personagens como America Chavez, tão diferentes do habitual, a Marvel pretende aumentar a diversidade dos fãs, que são, na sua maioria, homens brancos caucasianos. Em 2014 a editora de banda desenhada revelou que ia transformar o deus nórdico Thor numa mulher para atrair mais mulheres e meninas, admitindo que o público feminino tinha sido ignorado, até aí, pelas editoras desse género literário.

“Não é a She-Thor. Não é Lady Thor. Não é Thorita. É Thor”, sublinhou na altura Jason Aaron, autor desta nova série Thor, em comunicado.

Mais tarde, em maio do ano passado, foi a vez de aparecer Riri Williams, a estudante de 15 anos com uma inteligência fora do normal que construiu a sua própria versão da armadura do Homem de Ferro através de vários materiais que foi roubando na universidade. Brian Michael Bendis, criador da personagem, disse na altura à revista Time que se tinha inspirado num programa de televisão sobre violência nas ruas em que tinha estado a trabalhar.

“Esse tipo de violência pareceu-me ideal para inspirar uma jovem heroína a levantar-se e agir, usando a sua perspicácia científica e habilidades inatas, foi muito emocionante para mim”, revelou Brian Michael Bendis.