Nova Comissão Europeia de Ursula com menos mulheres, mas elas têm mais poder executivo

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Ursula von der Leyen [Fotografia: FREDERICK FLORIN / AFP]

A arrancar o segundo mandato à frente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen apresentou esta terça-feira, 17 de setembro, a nova equipa de comissários, de nomeação por parte dos Estados-membros. E se um dos desígnios era o equilíbrio de género – como tinha acontecido no mandato 2019-2024 -, a verdade é que esse rácio, para o período de 2024-2029 cai para os 40% (11 mulheres das quais quatro vice-presidentes) de presença feminina face à masculina.

“No que toca à igualdade de género, […] temos 11 mulheres candidatas ao novo colégio que apresento, o equivalente a 40%”, revelou a presidente da Comissão Europeia em conferência de imprensa, em Estrasburgo.

“Dos seis vice-presidentes executivos, há quatro mulheres e dois homens. Três dos Estados-membros que aderiram antes da queda da Cortina de Ferro e três dos Estados-membros que aderiram após a reunificação da Europa. Dos países bálticos, dos países nórdicos e da Europa de Leste, ministros e primeiros-ministros, com formações diferentes, mas todos com um objetivo comum – tornar a Europa mais forte”, elencou a responsável.

No anterior mandato, a presidente da Comissão Europeia contava apenas com Margrethe Vestager como única (em três) vice-presidente executiva e mais duas vice-presidentes (Věra Jourová e Dubravka Šuica). Agora o número cresce e entram Kaja Kallas (da Estónia, Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente executiva), Teresa Ribera (Espanha, vice-presidente executiva para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva), Henna Virkkunen (Finlândia, vice-presidente executiva para a Soberania Tecnológica, a Segurança e a Democracia), Roxana Mînzatu (Roménia, vice-presidente executiva para as Pessoas, as Competências e a Preparação).

Quanto aos comissários, o elenco 2019-2024 integrava oito mulheres e oito homens, já o atual coletivo (2024-2029) conta com seis mulheres e 14 homens.

Recorde-se que a apresentação da nova equipa tinha sido atrasada uma semana com o propósito de pedir aos estados-membros que propusessem mais nomes de mulheres. Agora, Ursula Von de Leyen explicou que as nomeações iniciais dos candidatos apenas apresentavam uma quota de “22%” de mulheres, valor que, para a líder do executivo comunitário, “era completamente inaceitável”. “Trabalhámos intensamente com os Estados-membros e fomos capazes de aumentar a percentagem para 40% de mulheres e 60% de homens”, comentou, admitindo porém “muito mais trabalho a fazer” para alcançar a ambicionada paridade no colégio de comissários.

Agora, os comissários indigitados têm de ser aprovados pelos eurodeputados, e as audições de confirmação em comissão parlamentar começam em outubro.

Concluída esta fase na qual poderá haver mudanças nos indigitados, o Colégio de Comissários é formalmente apresentado, bem como o programa de trabalho de von der Leyen, e tem de ser aprovado em sessão plenária por maioria dos votos expressos. Tudo indica que a nova comissão tome posse a 1 de dezembro.

Portuguesa Maria Luís Albuquerque
assume poupança e investimento

A candidata portuguesa e antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque irá assumir a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento. “Portanto, ela combina tudo, sabe o quão difícil é o campo político, mas também sabe que o setor privado, para o capital privado ou o investimento privado […] e isso será possível com uma União dos Mercados de Capitais aprofundada e consolidada”, justificou Von der Leyen em declarações aos jornalistas.

A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque (JOSÉ COELHO/LUSA)
A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque (JOSÉ COELHO/LUSA)

Questionada sobre a sua experiência no privado após ter exercido um cargo público, a líder do executivo comunitário destacou que tal será “muito relevante porque toda a legislação [europeia] deve refletir o interesse de todos os europeus e ter em conta os diferentes pontos de vista das diferentes partes interessadas”.

A responsável admitiu que “será difícil” avançar com a ideia da União da Poupança e do Investimento, após várias tentativas nos últimos anos, mas salientou que “a pressão está a aumentar”, nomeadamente face aos concorrentes como Estados Unidos e China.

Veja abaixo a lista completa apresentada por Ursula von der Leyen para o novo colégio de comissários

Presidente: Ursula von der Leyen (Alemanha)

Vice-presidentes executivos:

Kaja Kallas (Estónia, Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente executiva)
Teresa Ribera (Espanha, vice-presidente executiva para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva)
Henna Virkkunen (Finlândia, vice-presidente executiva para a Soberania Tecnológica, a Segurança e a Democracia)
Roxana Mînzatu (Roménia, vice-presidente executiva para as Pessoas, as Competências e a Preparação)
Stéphane Séjourné (França, vice-presidente executivo para a Prosperidade e Estratégia Industrial)
Raffaele Fitto (Itália, vice-presidente executivo para a Coesão e as Reformas)

Comissários:

Maros Sefcovic (Eslováquia, comissário para o Comércio e a Segurança Económica)
Valdis Dombrovskis (Letónia, comissário para a Economia e a Produtividade)
Dubravka Suica (Croácia, comissária para o Mediterrâneo)
Olivér Várhely (Hungria, comissário para a Saúde e o Bem-Estar dos Animais)
Wopke Hoekstra (Países Baixos, comissário responsável pelo Clima, Zero Líquido e Crescimento Limpo)
Andrius Kubilius (Lituânia, comissário para a Defesa e o Espaço)
Marta Kos (Eslovénia, comissária para o Alargamento e responsável pela Vizinhança Oriental, sendo que o seu nome ainda tem de ser oficializado pelo governo esloveno)
Jozef Síkela (República Checa, comissário para as Parcerias Internacionais)
Costas Kadis (Chipre, comissário para as Pescas e os Oceanos)
Maria Luís Albuquerque (Portugal, comissária para os Serviços Financeiros e a União da Poupança e do Investimento)
Hadja Lahbib (Bélgica, comissária para a Preparação e Gestão de Crises)
Magnus Brunner (Áustria, comissário para os Assuntos Internos e a Migração)
Jessika Roswaal (Suécia, comissária para o Ambiente, a Resiliência da Água e uma Economia Circular Competitiva)
Piotr Serafin (Polónia, comissário responsável pelo Orçamento, Luta Antifraude e Administração Pública)
Dan Jørgensen (Dinamarca, comissário para a Energia e a Habitação)
Ekaterina Zaharieva (Bulgária, comissária para a Investigação e Inovação)
Michael McGrath (Irlanda, comissário para a Democracia, a Justiça e o Estado de Direito)
Apostolos Tzitzikostas (Grécia, comissário para os Transportes Sustentáveis e o Turismo)
Christophe Hansen (Luxemburgo, comissário para a Agricultura e Alimentação)
Glenn Micallef (Malta, comissário para a Equidade Intergeracional, Cultura, Juventude e Desporto)

Com Lusa