Novas vacinas: aplausos, críticas ou pressão da indústria farmacêutica?

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Vacinas [Fotografia: Shutterstock]

O parlamento aprovou na especialidade do Orçamento do Estado 2019, a integração das vacinas da meningite B, do rotavírus e do HPV para os rapazes no Plano Nacional de Vacinação.

Uma decisão política, que teve lugar esta terça-feira, 27 de novembro, que está a provocar estilhaços e polémicas um pouco por toda a parte. A antiga ministra da Saúde socialista e pediatra, Ana Jorge, pede mesmo cuidado e lembra que é preciso distinguir este tipo de iniciativas políticas de eventuais pressões económicas da indústria farmacêutica.

Muitas vezes as pressões que há para introduzir este ou aquele medicamento ou este ou aquela vacina, não tem a ver com questões técnicas, mas exclusivamente com questões económicas e a pressão da indústria farmacêutica. Não sei neste caso, mas sei que noutras alturas aconteceu”, referiu Ana Jorge. A responsável considera “muito estranha” esta “decisão” que “não compete ao poder político, mas deve partir de uma comissão técnica”, referiu.

A ex-governante revela mesmo que, aquando da aprovação da vacina da Meningite C, falou-se numa “epidemia” que nunca existiu, referiu esta quinta-feira, 29 de novembro, em declarações à Antena 1. “Há uns anos, sei que houve pressão por parte dos grupos. A campanha que havia uma meningite C foi claramente fabricada porque nunca houve. É preciso ter muita atenção e cuidados com isso”, revelou, sublinhando também que “as vacinas não tem todas a mesma importância para a população portuguesa”.

E se, na quarta-feira, atual ministra da Saúde, Marta Temido, mostrou surpresa com a decisão por não terem sido consultadas as entidades competentes nesta matéria como a Direção-Geral da Saúde, certo é que esta solução política está indignar as ordens médicas pelo facto de a decisão ter sido tomada politicamente sem que tenham sido auscultadas as entidades que trabalham, investigam e analisam estas matérias.

“Acho que é uma má decisão da Assembleia da República, acho que é uma falta de respeito pelos profissionais de saúde, pelas pessoas que estão ligadas à investigação, um desrespeito pela DGS que tem comissão a funcionar nesta matéria, acho que é um erro e deviam olhar para trás na decisão que tomaram”, afirmou Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos à imprensa.

Recorde-se que a proposta de alargamento de vacinas ao Plano Nacional foi do PCP, aprovada pelos proponentes, PSD e BE, os votos contra do PS e a abstenção do CDS-PP.

O BE também apresentou uma proposta para a inclusão das vacinas para a Meningite B e para o Rotavírus e alargando às pessoas do sexo masculino a administração da vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV). Já a proposta do PEV pretendia o alargamento da vacina contra o HPV a rapazes.

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