
“Se queremos apregoar que investimos no feminino, na igualdade de género e em oportunidades semelhantes, mais uma vez não me digam para ser politicamente correto e continuar a fazer preces ao topo de pirâmide”, afirma Pedro Proença, em dia de tomada de posse como presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Esta segunda-feira, 24 de fevereiro, o novo dirigente considera que “se não tivermos um PRR, uma bazuca para infraestruturas, o pais vai crescer de forma anémica, bem abaixo do seu potencial enquanto os recursos se desviam para projetos de umbigos singulares”.
Para Pedro Proença, a realidade das atletas femininas tem de mudar e para isso será preciso mais infraestruturas. “Vivemos num pais em que os treinos das raparigas, das jovens de 13 e 14 anos, são atirados para as 21 e 22 horas porque antes os campos estão ocupados por rapazes”, diz, afirmando querer mudar esta realidade. Palavras e intenções apresentadas no momento em que elogia uma era com “Cláudia Neto, Ana Borges, Jéssica Silva, Kika Nazareth, Dolores Silva e tantas que ainda cantam e ainda vão cantar bem alto hino nacional”.
Neste discurso da tomada de posse, Proença quer choque fiscal para o futebol e que passe pela revisão do “IRS para atletas de alto potencial abaixo dos 23 anos”, que “não podem existir para representar Portugal” e receber apenas palavras, apesar de importantes. O antigo árbitro e ex-presidente da Liga quer também ver baixado o IVA do futebol. “Para assistir a um concerto paga 13%, ir a uma tourada paga ainda menos, 6%, mas para assistir a um jogo paga 23%”. “Basta disto”, atira Pedro Proença, que quer acabar com esta “discriminação negativa”: “Não queremos ser menos do que os outros, mas que se acabe com esta injustiça”.
![O novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença [Fotografia: MANUEL DE ALMEIDA/LUSA]](https://www.delas.pt/files/2025/02/50163912_44471348.jpg)
Pedro Proença assume mandato de quatro anos garantindo que a “federação não será um partido politico”, que “não será escudo para governos ou bala para governantes”. Uma promessa que Proença fez em dia de “capítulo novo” no futebol português, de “união”.
O novo presidente quer que os “dirigentes não falhem às pessoas nem ao país”, que olhem mais para fora. Proença, a caminho da preparação do Mundial do Futebol em 2030, insiste também na intenção da “concentração dos direitos dos meios audiovisuais”, em que pede que não seja dado “nem um passo trás” numa “maioridade sempre adiada”. “Sem ela somos uma liga adolescente sem projeto, sem ambição e sem futuro”, afirma.