Nuno Baltazar: O sol do México e a espontaneidade de Marcelo Rebelo de Sousa

Nuno Baltazar fez-nos viajar até ao México, com os ritmos “calientes” da música, as cores vibrantes da roupa e os padrões alegres dos tecidos. A inspiração foi Frida Kahlo: a sua estética e a frase controversa que lhe é atribuída e que serviu de pano de fundo ao desfile “I born a bitch, i born a painter” (Nasci uma cabra, nasci uma pintora).

Esta coleção foi apresentada depois de o criador ter estado uma estação sem desfilar, já que o designer aderiu ao novos sistemas da moda “See Now, Buy Now”. Quer isto dizer que a coleção apresentada vai estar disponível para venda daqui a quinze dias, altura em que se começam a vender as coleções de primavera verão. Ainda assim, Nuno Baltazar afirma que este desfile não tem estação definida:

“Para mim esta estação não é o verão 17, além de ter feito esta passagem para o ‘see now buy now’, deixei de dar uma estação às coleções, por isso esta é só a nº26 e é para ser usada agora. Já tivemos dias de sol maravilhosos. As estações estão a mudar muito, o público está a mudar muito e um designer tem obrigação de perceber o que acontece no mundo e de o acompanhar ou andar à frente dele.”

A roupa, que estará nas lojas daqui a duas semanas, é alegre, tem muitas peças para usar no dia-a-dia, mas também pode ser usada com as opções mais festivas, soluções a que Nuno Baltazar nos habituou ao longo da sua carreira.

Não faltaram as suas tradicionais mangas com ombros com pregas, nem os folhos e assimetrias. O espírito do Caribe revelou-se nos corsários largos, nos toques curtos, nas saias com machos e nos decotes das costas.

A esta alegria tropical juntou-se uma inspiração desportiva com bandas de cores em vários coordenados, uma mistura perfeita. Outro detalhe interessante foram os corações que surgiram em várias peças, inspirados nos corações mexicanos e trabalhados pelo ilustrador Julio Dolbeth que representavam quatro estados de alma. A coleção apresentou propostas masculinas tão vibrantes como as propostas femininas.

Propostas apresentadas num dia gelado mas que levaram o sol para dentro da sala de desfiles, e que tiveram a honra de ser apreciadas pelo Presidente da República sentado na primeira fila, mais uma vez quebrando a agenda que estava prevista. Na passerelle, a atriz Jessica Athaíde e a apresentadora Raquel Strada desfilaram com cartazes que diziam “Girl’s Can’t Wait”, uma alusão ao novo sistema de moda.