O divórcio é contagioso?

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Quase metade dos casamentos realizados nos EUA, nos últimos 16 anos, acabaram em divórcio, segundo um estudo de uma equipa de investigadores das Universidades de Brown, Harvard e da Califórnia. O que ainda poucas pessoas repararam é que muitas destas ruturas matrimoniais acontecem entre grupos de amigos ou pessoas próximas. E não é por acaso. Os mesmos cientistas concluíram recentemente que, nas últimas três décadas, os habitantes de Framingham e Massachusetts, nos EUA, ficaram com mais 75% de probabilidade de se divorciarem sempre que um amigo, vizinho ou colega de trabalho se divorciou. O mais impressionante é que um só divórcio pode influenciar o comportamento e a atitude de mais cerca de 30 casais.

Intrigada com estes factos, Louisa Kamps, jornalista da revista Elle norte-americana, decidiu explorar uma nova terapia que ajuda as pessoas a combater o contágio pelo divórcio e a aprender a lidar com as dúvidas que todo este cenário lhe criou em relação ao seu próprio casamento.

“Nos últimos anos houve quatro divórcios no meu grupo de amigos. Ver todas estas separações despertou-me confusão e ansiedade sobre o meu próprio compromisso. Sim, eu ainda amo o meu marido e não me apetece matá-lo nem deixá-lo (na maioria dos dias). Mas perante estes números passei a carregar – como muitos outros – dúvidas sobre as perspetivas de longo prazo do meu casamento”, pode ler-se no artigo de Louisa Kamps.

A nova terapia, criada para ajudar casais à beira do divórcio, é da autoria de William Doherty, professor de Ciências Sociais da Família da Universidade de Minnesota, e tem o nome de “aconselhamento de discernimento”. Depois de já ter trabalhado com vários casais, o especialista afirma que “a maioria dos problemas matrimoniais são causados por ambas as partes, talvez não 50/50, mas de uma forma significativa”. E a maioria dos problemas não aparecem por falta de amor, mas sim porque um dos membros do casal se afasta do outro ou investe demasiado na vida profissional.

Na fase final da terapia, William Doherty convida o casal a partilhar tudo aquilo que aprendeu e a escolher um dos três caminhos possíveis: manterem-se casados, avançar com o divórcio ou continuar com a terapia durante mais seis meses. O professor revelou à revista Elle que a maioria dos casais que optam por continuar a terapia continuam casados e mesmo aqueles que decidem divorciar-se têm benefícios na sua saúde emocional e para o bem-estar das crianças, nos casos em que existem filhos.

Quem tem mais tendência para o divórcio?

As pessoas cujos pais se divorciaram têm mais 50% de probabilidade de acabarem também divorciadas. “Muitas vezes [os filhos de pais divorciados] sabem o que não devem fazer: sabem que discutir é mau e enganar é mau, mas não têm grandes modelos para que o casamento seja feliz e de longo prazo”, explicou Galena Rhoades, psicóloga da Universidade de Denver, nos EUA.

Os casais que adiam o casamento, com medo do compromisso e na esperança de poderem, no futuro, encontrar um melhor parceiro, também correm elevado risco de acabarem divorciados. O mesmo acontece com as mulheres que casam com o primeiro parceiro apenas por motivações religiosas ou familiares.


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