O hotel do “romance do século” faz 130 anos

Hotel_del_Coronado

Fica em San Diego, Califórnia, e está a celebrar os seus 130 anos, uma idade respeitável e um trajeto repleto de muitas e boas histórias. Foi no famoso Hotel del Coronado que Billy Wilder filmou “Some Like It Hot”, com os fãs a fazerem fila nos areais vizinhos para conseguir vislumbrar e fotografar a diva Marilyn Monroe, mas já no começo do século se assistiam a manobras com câmaras e atrizes neste reduto.

Em 1916, por aqui se filmava “A Pérola do Paraíso”. Depois deste filme, muitos outros se seguiriam neste resort de praia

Por esta morada, que haveria de servir de cenário a mais de 60 fitas para a posteridade, passaram e hospedaram-se figuras tão diversas como Madonna, Charlie Chaplin, Ginger Rogers, Brad Pitt, Bill Clinton e Barack Obama. Mas uma das histórias mais sumarentas, e talvez mais decisiva para o curso da própria história do outro lado do Atlântico, em solo britânico, envolve duas figuras eternamente envoltas em polémica.

Príncipe Eduardo e Wallis Simpson, em 1936, DR

Foi no Del, como é carinhosamente conhecido o hotel, que Eduardo, Príncipe de Gales, teve direito a homenagem com um grande banquete no Crown Room. Pouco mais tarde deste episódio situado nos anos 20 do século XX, terá conhecido a mulher que lhe mudou a vida: Wallis Simpson, a célebre divorciada (então ainda casada, estatuto que manteve até 1927) que vivia apenas a um escasso quarteirão de distância, e que podia ter chegado a rainha de Inglaterra. Mas terá sido mesmo assim?

A fronteira entre lenda e realidade é tão ténue que não faltaram mesmo estudos ao longo das décadas, que procuraram confirmar a data das primeiras aproximações entre as duas figuras. É ponto assente que pelo Coronado passavam todas as celebridades da época, e que é bem possível que Wallis e o então marido, o comandante Earl Spencer, se tenham cruzado com Eduardo nesse serão em abril de 1920 – mas nada é efetivamente garantido.

Verosimilhanças à parte (teorias alternativas defendem que o par se conheceu apenas na década seguinte), facto é que o hotel não demorou a cavalgar esta onda, valendo-se deste episódio (ou mito urbano) para fomentar a sua lenda – pelo menos até ao passado recente.

Uma coisa é certa, o Coronado acolheu Eduardo, recém desembarcado nesse abril do navio HNS Renown, proveniente do canal do Panamá, no seguimento de uma viagem à Austrália e Nova Zelândia. E fartou-se de lucrar à conta do “romance do século”, chegando mesmo a criar o Prince Edward Grill e outras referências à dupla. Mas em 2015, o lançamento de dois livros haveria de abalar este legado, que agora se tornava inconveniente. Em “Princes at War”, de Deborah Cadbury, e “17 Carnations: The Royals, the Nazis and the Biggest Cover-Up in History”, do sempre controverso Andrew Morton (o biógrafo da Princesa Diana), choviam acusações de que Eduardo fora um simpatizante nazi, que terá chegado a visitar Berlim em 1937 e a manter uma ligação com Hitler. Já Simpson, teria tido uma relação com o ministro germânico von Ribbentrop.

Quanto à história do Del Coronado remonta a 1888, quando então nascia como o maior resort de praia do mundo, afirmando-se, com o seu estilo Vitoriano em madeira, como um dos últimos sobreviventes deste tipo de arquitetura. O pátio recebeu tartarugas, chimpazés, papagaios e outras espécies exóticas, enquanto americanos e forasteiros apareciam para apreciar a proximidade do mar e as vistas deslumbrantes. O seu interior assistiu até a um casamento, o primeiro de outros tantos, neste caso celebrado entre filhos de construtores.

Em 1887, no ano antes de abrir portas, o hotel testemunhou o primeiro casamento de muitos, entre filhos de operários

Atualmente, o Del Coronado continua a concentrar atenções, e se por acaso visitar o local, conte com visitas turísticas quase sempre lotadas (que incluem entre os destaques um fantasma!) e não perca de vista algumas atrações especiais.

O mistério de Kate Morgan continua por resolver. Foi em 1892 que uma jovem se alojou no Del Coronado, tendo aparecido morta pouco depois. Diz-se que o seu fantasma, inofensivo, continua a vaguear pelo hotel e arredores.

Entre elas, conta-se o bungalow outrora ocupado por Wallis, que mais tarde haveria de ser rebatizado como Windsor Cottage, e transportado pelo hotel das traseiras para uma zona menos periférica.

Estes são os membros da família real britânica mais populares. E há surpresas