Fica em San Diego, Califórnia, e está a celebrar os seus 130 anos, uma idade respeitável e um trajeto repleto de muitas e boas histórias. Foi no famoso Hotel del Coronado que Billy Wilder filmou “Some Like It Hot”, com os fãs a fazerem fila nos areais vizinhos para conseguir vislumbrar e fotografar a diva Marilyn Monroe, mas já no começo do século se assistiam a manobras com câmaras e atrizes neste reduto.
Por esta morada, que haveria de servir de cenário a mais de 60 fitas para a posteridade, passaram e hospedaram-se figuras tão diversas como Madonna, Charlie Chaplin, Ginger Rogers, Brad Pitt, Bill Clinton e Barack Obama. Mas uma das histórias mais sumarentas, e talvez mais decisiva para o curso da própria história do outro lado do Atlântico, em solo britânico, envolve duas figuras eternamente envoltas em polémica.
Foi no Del, como é carinhosamente conhecido o hotel, que Eduardo, Príncipe de Gales, teve direito a homenagem com um grande banquete no Crown Room. Pouco mais tarde deste episódio situado nos anos 20 do século XX, terá conhecido a mulher que lhe mudou a vida: Wallis Simpson, a célebre divorciada (então ainda casada, estatuto que manteve até 1927) que vivia apenas a um escasso quarteirão de distância, e que podia ter chegado a rainha de Inglaterra. Mas terá sido mesmo assim?
A fronteira entre lenda e realidade é tão ténue que não faltaram mesmo estudos ao longo das décadas, que procuraram confirmar a data das primeiras aproximações entre as duas figuras. É ponto assente que pelo Coronado passavam todas as celebridades da época, e que é bem possível que Wallis e o então marido, o comandante Earl Spencer, se tenham cruzado com Eduardo nesse serão em abril de 1920 – mas nada é efetivamente garantido.
Verosimilhanças à parte (teorias alternativas defendem que o par se conheceu apenas na década seguinte), facto é que o hotel não demorou a cavalgar esta onda, valendo-se deste episódio (ou mito urbano) para fomentar a sua lenda – pelo menos até ao passado recente.
Uma coisa é certa, o Coronado acolheu Eduardo, recém desembarcado nesse abril do navio HNS Renown, proveniente do canal do Panamá, no seguimento de uma viagem à Austrália e Nova Zelândia. E fartou-se de lucrar à conta do “romance do século”, chegando mesmo a criar o Prince Edward Grill e outras referências à dupla. Mas em 2015, o lançamento de dois livros haveria de abalar este legado, que agora se tornava inconveniente. Em “Princes at War”, de Deborah Cadbury, e “17 Carnations: The Royals, the Nazis and the Biggest Cover-Up in History”, do sempre controverso Andrew Morton (o biógrafo da Princesa Diana), choviam acusações de que Eduardo fora um simpatizante nazi, que terá chegado a visitar Berlim em 1937 e a manter uma ligação com Hitler. Já Simpson, teria tido uma relação com o ministro germânico von Ribbentrop.
Quanto à história do Del Coronado remonta a 1888, quando então nascia como o maior resort de praia do mundo, afirmando-se, com o seu estilo Vitoriano em madeira, como um dos últimos sobreviventes deste tipo de arquitetura. O pátio recebeu tartarugas, chimpazés, papagaios e outras espécies exóticas, enquanto americanos e forasteiros apareciam para apreciar a proximidade do mar e as vistas deslumbrantes. O seu interior assistiu até a um casamento, o primeiro de outros tantos, neste caso celebrado entre filhos de construtores.
Atualmente, o Del Coronado continua a concentrar atenções, e se por acaso visitar o local, conte com visitas turísticas quase sempre lotadas (que incluem entre os destaques um fantasma!) e não perca de vista algumas atrações especiais.
Entre elas, conta-se o bungalow outrora ocupado por Wallis, que mais tarde haveria de ser rebatizado como Windsor Cottage, e transportado pelo hotel das traseiras para uma zona menos periférica.
Estes são os membros da família real britânica mais populares. E há surpresas