O negro de Fernanda Torres. ‘Stylist’ e atriz explicam escolhas a caminho dos Óscares

Fernanda Torres
Atriz no Festival de cinema de Santa Bárbara, nos Globos de Ouro, no eventos dos BAFTA, no desfile da Chanel, nos prémios britânicos do cinema e no jantar de nomeados aos Óscares [Fotografia: Montagem EPA e Instagram]

Desde há seis meses que os olhos estão postos em Fernanda Torres. A atriz de 59 anos tem vindo a tornar-se, para lá da carreira na representação cada vez mais internacional, um ícone de moda e de elegância um pouco por todo o Mundo, e desde o momento em que pisou o Festival de Veneza para apresentar o filme Ainda Estou Aqui.

Desde setembro até agora, na antecâmara do arranque da grande noite dos Óscares, que vão ser transmitidos em Portugal pela RTP1 e pela plataforma de streaming Dinsey+, a partir das 23.30 horas de domingo, 2 de março, Fernanda Torres tem deixado a sua marca nas passadeiras vermelhas. Não pela sobejamente conhecida ousadia e pela escolha nos limites muito frequente neste tipo de eventos, mas antes pela extrema elegância e no mais profundo respeito pela personagem que interpreta: Eunice Paiva. A atriz dá vida a uma mulher que perdeu o marido às mãos da ditadura militar brasileira, que travou uma longa batalha para que o estado reconhecesse o assassínio, tudo enquanto criava os filhos e se formava em Direito, acabando por conseguir ver reconhecida a sua batalha e ainda lutar pelos direitos dos povos indígenas.

Por isso, a escolha da roupa para os grandes momentos tem sido feita com precisão de costureira. “Fizemos questão de que a memória de Eunice Paiva fosse preservada”, revelou já o stylist que tem acompanhado Fernanda Torres, António Frajado. Formado em Design Industrial, este especialista de 42 anos trocou a sua profissão pela comunicação há duas décadas, e é responsável pela imagem da atriz há 15 anos.

Para a agora nomeada a melhor atriz aos Óscares – depois de ter conquistado o mesmo título nos Globos de Ouro, em janeiro -, Frajado tem um “gosto refinadíssimo” e tem sido “um fiel escudeiro que entendeu desde sempre a mistura exata entre mim, Eunice e o filme delicado que o Walter [sales, realizador do filme que também corre nestes Óscares, na categoria de melhor película] fez”.

Sobre o que se pode esperar da escolha de Torres para comparecer no Dolby Theater, em Los Angeles, este domingo, 2 de março, as apostas concentram-se na Chanel, insígnia cujo desfile de alta costura a atriz brasileira compareceu recentemente.

Porém, há quem anseie por ver moda brasileira em território norte-americano. Frajado até entende este pedido como “válido”, mas considera que “não pode ser uma exigência”. “Há um problema de logística, é bem mais fácil a roupa ser retirada de um gabinete de Los Angeles. Fora isso, às vezes, oferecem coisas muito distantes do estilo da Fernanda. Ela é minimal”, detalha o stylist citado pelo jornal brasileiro Globo. “São muitas bandeiras para uma só pessoa carregar. Fernanda já está a representar o Brasil”, vinca António Frajado.