O outro lado de Londres

FOTO1

Até há bem pouco tempo, os turistas não se aventuravam para além da Torre de Londres, situada ao lado da icónica Tower Bridge. Aí, entramos no lado este de Londres (East End), uma zona industrial e residencial, marcada pela destruição da Segunda Guerra Mundial (o Blitz), e várias vagas de imigração – que se evidenciam pelo multiculturalismo daquela zona.

Assim, quando Banksy e outros nomes da arte urbana começaram a invadir o East End e a tornar antigas paredes de fábricas e prédios degradados em autênticos escaparates de obras de arte, tanto londrinos como turistas começaram a transpor a invisível barreira entre a Torre de Londres e o desconhecido lado este de uma das cidades principais do Reino Unido.

O East End tornou-se uma autêntica galeria de arte ao ar livre, com obras que podem valer tanto como os quadros das galerias de arte “oficiais” de Londres. Por exemplo, o mural “Slave Labour” de Banksy, que entretanto foi vendido mas que surgiu naqueles bairros londrinos, valia 450 mil libras (aproximadamente mais de 500 mil euros), o que será equivalente a algumas obras expostas na National Gallery.

Pelas ruas do East End encontramos graffittis e stencils dos mais variados e célebres nomes da arte urbana. Na Fournier Street, ao lado de uma frondosa igreja barroca, do arquiteto do século XVIII Nicholas Hawksmoor, encontramos trabalhos do famoso Shok 1, um artista britânico nascido em 1970 em Birmingham, que começou a pintar as ruas de Londres em 1983.

O centro da arte urbana em Londres é a Hanbury Street, onde alguns dos mais famosos (e fotografados) graffittis são o ex-libris de uma Londres alternativa. É aqui que está o graffitti da artista belga Roa que todos querem ver: o imponente “pássaro” de 10 metros. Colocamos “pássaro” entre aspas pois, segundo um artigo do The Telegraph, uns dizem que é uma avestruz e outros, como Mr. Hussain, proprietário do edifício e natural da Índia, acredita ser uma garça azul, uma ave sagrada na cultura Bengali.

Bairros que eram antes ruas pobres e ignoradas, tal como a sua população, tornaram-se um novo hub criativo em Londres e, graças a isso, estão a ser pouco a pouco reabilitadas. Vaguear por estas ruas é descobrir uma cidade diferente, cosmopolita e cheia de vida, longe dos cenários típicos (mas também obrigatórios, claro) da torre do Big Ben ou da Trafalgar Square. Porque há mais em Londres para além do que o (London) “eye can see”.