O salão erótico com mais mulheres na plateia

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O Eros Porto – Salão Erótico do Porto começa esta quinta-feira e tem a fama de ser o certame de sexo com mais mulheres no público – 43% pertence ao género feminino e 57% são homens. O Salão Erótico de Barcelona, por exemplo, um dos mais conhecidos da Europa, costuma ter 63 % de homens 37% de mulheres e na plateia. Há aqui uma diferença, de facto.

Sexo explícito, sexo implícito, tendências e novidades, nacionais e internacionais, do erotismo e da sexualidade. O Eros Porto apresenta práticas, produtos, serviços, espetáculos, artistas com pouca roupa. A décima edição, tem novidades no cartaz, atrizes, strippers, pole dancers, drag queens, transformistas, áreas privadas, espetáculos contínuos. Na área swinger, há uma zona com camas, ou seja, um quarto escuro comunitário em que a visão é o único sentido interdito, e ainda um labirinto nada conservador com orifícios nas paredes. É o espaço mais hard com sexo em grupo, ménage à trois, troca de casais.

Tudo é permitido. Assistir a bukakes, uma forma oriental de prazer, gravar cenas de filmes para adultos, participar em castings. Há também conferências, palestras, debates, apresentação de livros, exposições de arte. Há uma zona VIP com serviço de bar e espetáculos exclusivos, área de bondage, dominação, sadismo e masoquismo. Nas novidades, estão o Porno Educativo para abordar temas relacionados com o sexo (felação, orgasmo e ejaculação feminina estão incluídos), um estúdio de TV com transmissão em direto para canais de adultos, e um projeto de sensibilização para o cancro da mama com tatuagens mamárias reconstrutivas para aumentar a autoestima de mulheres mastetomizadas.

A atriz brasileira Duria Montenegro é a porta-voz desta edição. A convidada de honra é a atriz e realizadora espanhola Amarna Miller, protagonista de Pátria, um dos vídeos mais virais e polémicos dos últimos tempos no país vizinho, com mais de 20 milhões de visualizações – filme em que atriz critica, sem papas na língua, as incoerências morais da sociedade espanhola. Armana, que venceu o Prémio Ninfa 2014 para melhor atriz de filmes para adultos, dá uma palestra sobre pornografia e feminismo no primeiro dia.

O Eros Porto vai ainda lançar Lukas Jesus, de 25 anos, natural de Aveiro, que vive há alguns anos na Alemanha, como a «nova estrela gay portuguesa». Lukas estará na área LGB do salão erótico que este ano terá, pela primeira vez, espetáculos lésbicos. Sexta e sábado, durante todo o dia, há castings para os querem tentar a sua sorte no cinema gay para adultos.

O diretor do Eros Porto, o espanhol Juli Simón, relembra “quando começámos, fomos muito sensíveis à necessidade de as mulheres se identificarem com o nosso evento, disponibilizando um espaço exclusivo para abordar determinados temas e apresentar oferta dirigida à mulher”, recorda. Trabalho que deu frutos numa balança que não está muito desequilibrada.

A 10.ª edição do Eros Porto começa esta quinta-feira e termina domingo. Número redondo, várias novidades no cartaz, 2000 preservativos comprados pela organização, 97 artistas nacionais e internacionais, 48 stands, 14 palcos, oito sex shops representadas. Nas nove edições anteriores, contaram-se cerca de 200 mil visitantes, este ano são esperados entre 20 e 25 mil.

Os preliminares do salão

E como se prepara o maior salão erótico do país? “Com sensibilidade e uma mentalidade aberta. Enquanto organizadores, temos a obrigação de fazer representar todos os géneros sexuais e uma oferta interessante de conteúdos, tantos comerciais como artísticos e formativos. E, sobretudo, que sejam conteúdos que se adaptem à idiossincrasia do povo português”, responde Juli Simón. É fundamental, portanto, estar por dentro da oferta portuguesa relacionada com a indústria do sexo.

Melhorar a sexualidade dos portugueses é um dos objetivos assumidos pela organização. Não foi fácil, no início. Juli Simón recorda-se de ouvir a palavra impossível várias vezes. Diziam-lhe que a sociedade portuguesa era muito fechada quando sexo era o assunto. “E quando dizíamos que no evento queríamos que estivessem representados todos os géneros sexuais, a maioria das pessoas dizia-nos que misturar os distintos géneros era uma má ideia e que ninguém iria ao evento”, recorda. Argumentos que não foram eficazes. “Não nos rendemos e conseguimos abrir portas em 2008. Passados 10 anos, podemos dizer que a sociedade portuguesa não é conservadora e que é muito tolerante com a sexualidade”. O impossível tornou-se então possível.

As portas do pavilhão 1 e 2 da Exponor, em Matosinhos, estão abertas de quinta a sábado das 15h às 02h e no domingo das 15h às 22h. O bilhete individual custa 13 euros, os casais pagam 22 euros, e reformados, desempregados, pessoas com deficiência e jovens com 18 anos entram por 11 euros.