O seu animal de estimação magoou-se? Saiba o que fazer para o ajudar

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Manter um animal de estimação não se limita aos mimos e aos cuidados básicos para a sua sobrevivência. Há aspetos importantes a considerar e que carecem de conhecimentos específicos, como por exemplo, os procedimentos a tomar em caso de doença ou acidente. O socorro aos animais tem especificidades e exige cuidados especiais.

A pensar nas diferenças entre a ajuda prestada aos humanos e aos seus amigos patudos, o XIV Congresso Hospital Veterinário Montenegro, do Porto, que se realiza a 24 e 25 de fevereiro, no Europarque de Santa Maria da Feira, incluiu na programação deste ano, uma formação gratuita para bombeiros e socorristas aprenderem a lidar com um animal ferido. Como explicou, em entrevista ao Delas.pt, o veterinário e diretor do hospital, Luís Montenegro, a ideia desta formação surgiu na sequência dos vários pedidos de ajuda que o hospital recebe por parte destes profissionais que não se sentem qualificados para socorrer animais. Uma necessidade ainda mais sentida após os incêndios do último verão que deixaram vários animais feridos. Mas não são só os profissionais que precisam de saber o que fazer nestes casos. Luís Montenegro deixa também conselhos preciosos aos donos para ajudarem corretamente os seus animais.

Como surgiu a ideia de incluir este ano uma formação gratuita para ensinar bombeiros e socorristas a lidar com um animal ferido?
No dia-a-dia do Hospital Veterinário Montenegro, o que temos assistido é que somos regularmente contactados por várias corporações de bombeiros, e outros socorristas profissionais, que no desempenho das suas funções se deparam com situações em que os animais necessitam de ser socorridos, por exemplo atropelamentos, acidentes domésticos ou outros casos. Esta procura aumentou significativamente no último verão, infelizmente, devido aos incêndios que se registaram principalmente mais a norte do país, onde fica o nosso hospital, que perante tantos animais feridos e com problemas respiratórios não sabiam qual a melhor e mais correta maneira de os ajudar. Lembrámo-nos, por isso, abrir as portas do XIV Congresso do Hospital Veterinário Montenegro a estes profissionais, uma vez que, é de todo o interesse da classe veterinária que os animais socorridos chegam até nós nas melhores condições possíveis, através de um socorro adequado que não agrave os eventuais traumatismos que possam já existir, para que possamos também tratar deles da melhor forma possível. Existem cada vez mais bombeiros interessados em saber mais sobre o socorro a animais, as duas áreas estão cada vez mais próximas, e hoje em dia temos já conhecimento de vários colegas veterinários que trabalham como bombeiros voluntários.

Luís Montenegro, é diretor do hospital Veterinário do Montenegro.

Que especificidades tem este tipo de socorro face ao dos humanos?
Muitas vezes, os animais em situação de dor ou aflição podem não colaborar com o socorro, podendo até pôr em perigo o socorrista, por isso, a primeira especificidade é também a mais importante: garantir a segurança do socorrista e do próprio animal, açaimando-o se necessário. A manipulação e o maneio do animal são também diferentes do que a das pessoas e requerem um cuidado e sensibilidade extra pois, no caso do animal podemos não conseguir logo perceber onde é a lesão. O fornecimento de oxigénio, a administração de medicamentos e os próprios medicamentos são também diferentes nos animais, o que requer preparação e cuidados específicos.

Quais são as principais dificuldades dos profissionais?
Da minha experiência no Hospital e do contacto que tenho tido com estes profissionais, as maiores dificuldades são, sem dúvida, a falta de conhecimento, preparação e material adequado para prestar socorro aos animais.

Em caso de um animal ficar ferido num incêndio, o que se deve fazer de imediato?
Depois de tomadas as medidas necessárias para garantir a segurança do socorrista e do animal, é fundamental fornecer-lhe oxigénio, após a desobstrução das vias respiratórias. É também importante garantir a hidratação e proteção das áreas queimadas.

Para os donos: o que devem fazer se o seu animal estiver ferido até chegar/ter ajuda médica?
É importante que o tutor tenha sempre em casa uma mala de primeiros socorros a animais preparada com os produtos adequados (soro fisiológico, compressas, desinfetantes) para socorrer o nosso animal de companhia quando necessário. Além da caixa, é também importante ter um livro de primeiros socorros a animais para ter alguma orientação sobre como agir. O tutor deve também contactar o veterinário do seu animal ou outro próximo para receber indicações pelo telefone para transportá-lo da melhor forma possível até ao consultório ou clínica.

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