O verão num frasco: seque a fruta!

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Antes dos frigoríficos e dos conservantes artificiais era assim que se consumiam frutas e vegetais fora da sua época natural: secos. Hoje em dia, secar as suas próprias frutas é a melhor forma de fugir a dois demónios da alimentação, os conservantes e os açucares ou xaropes. E de ter ao mesmo tempo, com elas, uma superprateleira decorativa, seja a sua cozinha estilo “casinha na pradaria” seja um laboratório hi-tech.

A primeira razão para desidratar fruta é do foro La Fontaine: se quiseres ter fruta d’época fora dela, aforra-a no verão (como fazia a formiga). Primeiro, esta é a estação mais farta em frutas e depois, as condições climáticas são as melhores para uma boa secagem. Grande parte de nós encontrava, quando ia ‘à terra’ ou à casa dos avós nas férias grandes, cachos de uvas a secar, presos por um fio na sombra quente do celeiro, longos cachos de uvas murchando, ou sobre mantas de trapo, a secar no terraço ao calor do estio, figos que seriam as sobremesas de muitos jantares de inverno. E esta sabedoria popular faz hoje em dia (e talvez mais que nunca) todo o sentido, quando somos confrontados com a longa lista de químicos preservantes nocivos nos pacotes dos supermercados.

A fruta seca preserva todos os nutrientes da fresca; afinal a única coisa que perde no processo é água. É ainda mais doce saborosa que a original, pois todos os sabores são concentrados. E dura para sempre: fruta seca, quando mantida mesmo seca, permanece comestível, em princípio, para sempre.

Porque comprada quando mais abundante, a fruta da época é radicalmente mais barata do que fora de estação.

O método ancestral implica dias quentes, que por feliz coincidência são os mesmos em que a vida nos oferece uma cornucópia infindável de pêssegos, melancias, laranjas, maçãs, peras, todas e tantas frutas. Basta um terraço e uma mesa forrada idealmente a papel de alumínio (parte espelhada para cima, para refletir luz e calor), fruta cortada – ou inteira como no caso dos figos ou das uvas – e uma gaze para a proteger dos insectos. Vire a fruta de vez em quando e guarde-a depois de seca. Este método implica uma vigilância apertada – não vá chover – e recolher para dentro de portas a mesa da fruta quando se vive em sítios onde as noites estejam húmidas: fruta seca para durar tem mesmo que estar seca.

Mas mesmo quando o sol foge (ou quando não se tem terraço), pode desidratar fruta no forno da cozinha. O contra é evidente: em Portugal o que se poupa na fruta gasta-se em energia.

Mais recentemente apareceram no mercado pequenos desidratadores de fruta, desenhados apenas para o efeito. São uma espécie de forno elétrico, ventilado e aquecido a temperaturas de cerca entre 40 a 70º. Permitem colocar vários tabuleiros e vários tipos de fruta, as mais húmidas em baixo, e as menos sumarentas nos tabuleiros superiores.

A Princess tem um modelo de 6 tabuleiros, com 33x33x20cm e custa €84,99 na Worten e a Casa um modelo menor, com Ø27x26cm, mas por cerca de metade do preço, €39,95.

Como todas as novas ciências culinárias, a prática faz a perfeição: prepare-se para dar à família, para o jantar, 6 tabuleiros de fruta que não correu bem. Experimente várias espessuras e vários tipos de corte para diversas frutas. Lembre-se que quanto mais espessa mais demora a ‘cura’. E corre o risco que o interior da fatia fique ainda húmido, quando as pontas já chamuscam.

Pode parecer um processo caro (ou só possível sendo uma avó no interior rural, com figueira, sol e terraço), mas se pensarmos que um pacotinho com meia dúzia de fatiazinhas de maçã pode custar cerca de €5, a médio prazo a maquineta paga-se e passa a ser o seu novo vício saudável: não apenas como snack mas como parte de uma saborosa e nutritiva de pequeno-almoço.7-dscn9421