Oito anos depois, Passadiços do Paiva voltam a estar em chamas

Passadiços do Paiva
Arouca, 21 - 09 - 18 - Passadiços do Paiva. (Maria João Gala / Global Imagens )

Parte do troço de madeira dos Passadiços do Paiva, em Arouca, está a arder e, embora nessa zona não haja risco habitacional, a autarquia diz que o combate ao restante incêndio está “sem meios” suficientes e é “inglório”.

O fogo nesse concelho do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana de Porto deflagrou a partir daquele que teve início em Castro Caire, no distrito de Viseu, e está a lavrar desde as 23:00 de terça-feira, sendo que ao fim da manhã envolvia o trabalho de cerca de 100 operacionais, apoiados por 25 veículos.

“Isto é totalmente inglório”, declarou à agência Lusa a presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém. “Estamos sem meios, precisamos de muito mais gente aqui a combater o fogo e quem está a fazer a gestão destes recursos a nível nacional tem que ter noção do terreno e atuar de acordo com o ele exige, sob pena de, a esta velocidade de propagação, se repetir aqui o que aconteceu em 2016″, realça.

A referência da autarca é ao incêndio que, em agosto desse ano, consumiu numa semana cerca de 8.600 hectares de floresta em Arouca e outros 17.000 no concelho contíguo de São Pedro do Sul. Só no primeiro desses municípios, os prejuízos foram na altura estimados em mais de 100 milhões de euros.

É com base nessa memória que a presidente da câmara defende agora: “Já cá deviam estar mais operacionais de outras corporações. E isto não é desvalorizar o que está a acontecer nos outros concelhos – é sim realçar a gravidade do que está a acontecer no nosso”.

A secção destruída do passadiço ao longo do rio Paiva é a do extremo junto à praia fluvial do Areínho: “Está a arder a escadaria próxima da Ponte de Alvarenga e ainda não temos noção exata da extensão da área queimada, mas prolonga-se para lá da ponte suspensa”.

Nos incêndios que lavram atualmente nas regiões Norte e Centro do país, já se registaram desde domingo sete mortos, 50 feridos e dezenas de casas destruídas. As zonas mais afetadas situam-se nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real e Viseu.

Segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, a área ardida em Portugal continental ultrapassa desde então os 62.000 hectares, dos quais 47.376 só no Norte e Centro.

Às 11:00 de hoje estavam em curso 38 incêndios. Desses, 15 eram classificados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil como “ocorrências significativas” e envolviam mais de 3.000 operacionais, apoiados por cerca de 1.000 viaturas e 25 meios aéreos.

LUSA