A ONU vai alocar 20 milhões de euros (25 milhões de dólares) para combater o que chama de “pandemia sombria”: a violência de género contra as mulheres exercida em particular em contextos de guerra e migração e desastres.
Uma verba que deverá sair do Fundo de Emergência e que será repartida entre o Fundo para a População das Nações Unidas(UNFPA), que vai receber cerca de 15 milhões de euros, e a ONU Mulheres, que ficará com cinco milhões de euros. Espera-se que, de acordo com as coordenadas avançadas até ao momento, cerca de 30% desse montante deva ser consignado a organizações locais lideradas por mulheres que previnem a violência e ajudam sobreviventes a ter acesso a assistência médica e jurídica, planeamento familiar, saúde mental serviços e aconselhamento.
A medida de atribuição desta verba marca o início de 16 dias de ativismo contra a violência de género, numa campanha global que se vai estender até 10 de dezembro. “As necessidades de mulheres e raparigas em contextos humanitários continuam a ser negligenciadas e sem recursos suficientes”, afirma Mark Lowcock. O responsável da organização humanitária sublinha que “a pandemia provocada pela covid-19 ajudou a revelar toda a extensão da desigualdade de género ao criar um conjunto de circunstâncias que ameaçam reverter o progresso limitado que foi feito.” Lowcock pede também a outros financiadores que contribuíssem com fundos para atribuir às regiões onde estão presentes e para iniciativas que priorizem fins semelhantes.
“É hora de dizer ‘basta’ para a violência de género e dar prioridade aos direitos e às necessidades das mulheres e meninas em crises humanitárias”, diz Natalia Kanem, diretora executiva do UNFPA. A diretora Executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, lembra que “os altos níveis de violência de género que mulheres e meninas vivenciam, especialmente em países que estão em crise e precisam de assistência humanitária, continuam a ser uma das maiores injustiças em nosso mundo”.
A ONU Mulheres estima que, nos 12 meses que antecederam ao início da pandemia, 243 milhões de mulheres e raparigas entre 15 e 49 anos foram abusadas sexual ou fisicamente por um parceiro. A organização alerta que o novo Coronavírus está a provocar um aumento de casos de violência doméstica, alertando para pelo menos 15 milhões de casos a mais a cada três meses em que os bloqueios eram impostos.