ONU: “Pressão sem precedentes” ameaça direitos humanos

Menina Refugiada
Menina Refugiada (Reuters/Alkis Konstantinidis)

Este sábado assinala-se o Dia Mundial dos Direitos Humanos, mas em vez de celebração, a mensagem da ONU – entidade que criou, em 1948, a carta dos Direitos Humanos – é de alerta, alerta máximo.

Zeid Ra’ad Al Hussein, o Alto Comissário para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, deixou um aviso preocupante. “A pressão sem precedentes sobre os direitos humanos a nível mundial arrisca-se a destruir um conjunto único de proteções definidas depois da II Guerra Mundial”.

Para o Alto Comissário da ONU, “2016 tem sido um ano desastroso para os direitos humanos em todo o mundo” e se continuar a “crescente degradação” dos direitos humanos e o atropelo das leis “toda a gente vai sofrer” com isso.

Entre as razões que contribuíram para essa degradação, Zeid Ra’ad Al Hussein destaca os conflitos, as alterações climáticas e as catástrofes naturais, e as desigualdades económicas que obrigam as famílias a abandonar as suas casas e os seus países. Os deslocados, sejam refugiados ou migrantes, são especialmente vulneráveis e estão entre as principais vítimas de violações dos direitos humanos. Mulheres e crianças são alvos preferenciais.


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“Discriminação, enormes disparidades económicas e um desejo insaciável de ganhar ou manter o poder a qualquer custo são as motivações das atuais crises políticas e de direitos humanos”, considera o Comissário, alertando que “os valores humanos estão sob ataque – e muitas pessoas sentem-se esmagadas e inseguras sobre o que fazer ou para onde se virar”.

Zeid Ra’ad Al Hussein destacou entre os vários conflitos globais, a guerra na Síria, não poupando críticas a todas as partes, desde a intolerância de Bashar Al Assad aos que “protestaram pacificamente e legitimamente contra violações dos direitos humanos”, aos Estados que “alimentaram o conflito, apoiando assassinos, fornecendo armas, encorajando extremistas”. “Coletivamente, atiraram as leis e os direitos humanos pela janela”, afirmou.

Também o racismo, a intolerância, e as “vozes de sereia” que exploram o medo e sentimentos de divisão nas pessoas mereceram o seu alerta.

O Alto Comissário apelou, por isso, a que cada um faça a sua parte e defenda valores como o respeito e a tolerância, rejeitando a violência e o ódio.

Para reforçar essa ideia, o Gabinete para os Direitos Humanos da ONU vai lançar uma campanha com esse objetivo, com o lema ‘Hoje, lute pelos direitos de alguém’.