Com certeza que já reparou nele. Seja como ingrediente de bolachas, do pão, como tipo de arroz ou massa, nos cereais do pequeno-almoço, o integral ocupa cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados. E há uma razão para isso. Diz a ciência que faz melhor à saúde. De resto, a pirâmide da dieta mediterrânica, aquela que, por tradição, tem sido a nossa, já recomenda o consumo de uma a duas porções de cereais, de preferência integrais, a cada refeição principal. O que um novo estudo, realizado por especialistas da Universidade de Harvard e agora publicado na revista científica ‘Circulation’, da Associação Americana de Cardiologia, vem confirmar é que o consumo de pelo menos três porções de cereais integrais por dia reduz o risco de mortalidade.
Sai, por isso, reforçada a necessidade de aumentar a sua presença no prato, algo que, diz quem sabe, ainda é insuficiente. E não só nos Estados Unidos, onde foi feito o estudo, mas também por cá, confirma Elsa Feliciano, assessora de nutrição da Fundação Portuguesa de Cardiologia.
“Há um grupo de pessoas com maior preocupações de saúde, os vegetarianos e os macrobióticos, que os consomem regularmente, mas acho que a população em geral, embora saiba que são bons para a saúde, os associam mais aos cereais de pequeno-almoço e não consomem o que deviam”, refere a especialista.
Consumo que, concluiu o estudo norte-americano que se socorreu de outros 12 trabalhos, envolvendo, todos juntos, 786.076 pessoas, ajuda a melhorar os níveis de colesterol e reduz o risco de doenças do coração, AVC e diabetes do tipo 2. Outra vantagem é que uma dieta rica em fibras prolonga a sensação de saciedade. Ou seja, sentimos mais tempo a barriga cheia, o que nos impede de ingerir tantas calorias, diminuindo, por isso, o risco de obesidade.
Garante ainda o trabalho que a taxa de mortalidade entre aqueles que consumiam três porções de cereais integrais (cerca de 48 gramas) por dia caiu 20% no geral. A redução foi maior (25%) nas mortes associadas a doenças cardiovasculares e 14% naquelas associadas ao cancro.
Resultados que não são completamente novos, até porque há muito que são conhecidas as vantagens do integral. Isto apesar de continuarmos a despir os grãos de cereais da sua riqueza. É que um grão integral é aquele que está completo. Algo que não acontece com maior parte dos alimentos feitos à base de cereais, que têm na sua confeção grãos refinados, ou seja, aqueles aos quais foi retirada a sua camada exterior.
“Os cereais são submetidos a um processo em que lhe é retirada a casca, que é onde estão presentes os nutrientes mais importantes para a nossa saúde (vitaminas, fibra)”, explica Elsa Feliciano.
O que significa que, “quando descascamos os grãos de cereais e os tornamos mais bonitos, estamos a retirar grande parte da sua riqueza e a deitá-la fora.”
O conselho é, por isso, simples: reforçar a presença dos integrais à mesa. “Devíamos fazer ao contrário daquilo que é o nosso hábito”, refere Elsa Feliciano: “consumir de vez em quando os produtos com farinhas refinadas e optar pelo arroz integral, pelas massas, pelo pão, que é um produto de largo consumo, introduzindo a aveia. Porque, afinal, três porções por dia não custa assim tanto.”