Antecipava-se uma das galas mais conturbadas dos últimos anos: sem apresentador, após a desistência do comediante Kevin Hart; e com a Academia a recuar na sua decisão de apresentar quatro prémios técnicos no intervalo para cortar na duração da cerimónia e evitar perder audiências. A solução foi atribuir o papel de apresentador a vários anfitriões, que cumpriram os tempos instruídos pela Academia, numa gala que decorreu surpreendentemente sem sobressaltos e bem encadeada, com o apelo à união, à inclusão e à superação das diferenças a ser repetido, discurso após discurso.
Julia Roberts foi a última anfitriã a subir ao palco para apresentar o derradeiro prémio de Melhor Filme, entregue a Green Book – Guia para a Vida, numa categoria em que o favorito era Roma de Alfonso Cuarón. Ambos conquistaram, cada um, três prémios da Academia, com Green Book a somar a estatueta de Melhor Argumento Original e ainda de Melhor Ator Secundário pela prestação de Mahershala Ali, co-protagonista da história com Viggo Mortensen.
A dura história de uma empregada doméstica indígena, no México dos anos 70, deu a Alfonso Cuarón o prémio de Melhor Realizador com Roma, mas também de Melhor Filme Estrangeiro e de Fotografia. Também Black Panther conquistou um trio de estatuetas em categorias técnicas.
Com os prémios bem distribuídos pelos candidatos, Bohemian Rhapsody foi o único a destacar-se entre os concorrentes, com quatro galardões dourados. Foram eles Mistura de Som, Montagem e Montagem de Som, e de Melhor Ator Principal, atribuído a Rami Malek na sua primeira nomeação aos Óscares. O seu discurso emotivo foi um dos mais memoráveis da gala, em que agradeceu aos Queen a oportunidade de interpretar Freddie Mercury e falou também sobre as suas origens: o primeiro americano de uma família de emigrantes egípcios.
Aos 71 anos, Glenn Close era uma das favoritas ao título de Melhor Atriz Principal, mas foi Olivia Colman quem venceu na categoria, disputada também por Lady Gaga, a estreante Yalitza Aparicio e Melissa McCarthy. A britânica Colman, que interpretou a rainha Anne em A Favorita de Yorgos Lanthimos, subiu ao palco já no final da noite para protagonizar um dos discursos mais divertidos desta edição, agradecendo também às suas concorrentes na mesma categoria.
Recuando ao início da cerimónia, o pontapé de saída desta 91.º edição dos Óscares não foi dado com o habitual monólogo ou espetáculo do anfitrião, mas sim com uma performance dos Queen com Adam Lambert como vocalista, a cantar We Are The Champions – tal como aconteceu em Portugal no Rock in Rio de 2016.
Tina Fey, Maya Rudolph e Amy Poehler foram as primeiras a subir ao palco para apresentar o prémio de Melhor Atriz Secundária, com o habitual bom humor, não esquecendo as referências à falta de um apresentador. Regina King, nomeada para o prémio pelo seu papel em Se Esta Rua Falasse, foi assim a primeira a receber a estatueta dourada.
Consulte a lista completa de vencedores:
Melhor Filme – Green Book, Guia para a Vida
Melhor Atriz Principal – Olivia Colman, A Favorita
Melhor Ator Principal – Rami Malek, Bohemian Rhapsody
Melhor Atriz Secundária – Regina King, Se Esta Rua Falasse
Melhor Ator Secundário – Mahershala Ali, Green Book
Melhor Realizador – Alfonso Cuarón
Melhor Filme Estrangeiro – Alfonso Cuarón
Melhor Fotografia – Alfonso Cuarón
Melhor Argumento Original – Green Book
Melhor Argumento Adaptado – BlacKkKlansman – O Infiltrado
Melhor Canção Original – Shallow, Lady Gaga
Melhor Banda Sonora Original – Black Panther
Melhor Filme de Animação – Homem-Aranha: No Universo Aranha
Melhor Documentário – Free Solo
Melhor Curta-Metragem – Period. End of Sentence
Melhor Curta-Metaragem de Animação – Bao
Melhor Caracterização – Vice
Melhor Guarda-Roupa – Black Panther
Melhor Direção de Arte – Black Panther
Melhor Montagem de Som – Bohemian Rhapsody
Melhor Mistura de Som – Bohemian Rhapsody
Melhor Montagem – Bohemian Rhapsody
Melhor Curta-Metragem – Skin
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