“Estou a demitir-me da Academia e aceitarei quaisquer consequências”, afirma Will Smith

43290356_32733VM
Will Smith e Jada Pinkett Smith [Fotografia: ANGELA WEISS / AFP]

O ator norte-americano Will Smith apresentou a demissão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela organização dos Óscares, depois de ter agredido o humorista Chris Rock no domingo durante a 94.º cerimónia do evento.

“Respondi diretamente ao aviso de uma audição disciplinar da Academia e vou aceitar plenamente todas quaisquer consequências pela minha conduta. As minhas ações (…) foram chocantes, dolorosas e imperdoáveis”, adiantou Will Smith num comunicado divulgado pela imprensa norte-americana.

“A lista daqueles que magoei é longa e inclui o Chris [Rock], a sua família, muitos dos meus queridos amigos e entes queridos, todos os presentes e o público global em casa”, indicou.

No comunicado, Will Smith disse ainda que traiu a “confiança da Academia” e, por isso, apresentou a demissão. “(…) que o Conselho considerar apropriadas. A mudança leva tempo e estou e comprometido em fazer o trabalho para garantir que nunca mais permita que a violência se sobreponha à razão”, salientou.

Will Smith lamentou também ter privado “outros nomeados e vencedores de terem tido a sua oportunidade de celebrar e ser celebrado pelo seu trabalho extraordinário”. “Estou de coração partido. Quero colocar o foco de volta naqueles que merecem atenção pelas suas realizações e permitir que a Academia volte ao incrível trabalho que faz para apoiar a criatividade e a arte no cinema”, sustentou.

A Academia de Cinema dos Estados Unidos condenou segunda-feira a agressão do ator Will Smith ao humorista Chris Rock, na cerimónia dos Óscares, no domingo, e revelou que iria analisar o caso e tirar daí as consequências.

“Iniciámos oficialmente uma análise sobre o incidente e iremos considerar possíveis ações e consequências, de acordo com os nossos regulamentos, padrões de conduta e segundo a lei da Califórnia”, afirmou a academia em comunicado citado pela imprensa norte-americana.

Na terça-feira, Will Smith pediu publicamente desculpas a Chris Rock, admitindo que passou dos limites e que o seu comportamento foi “inaceitável e indesculpável”.

“A violência, em todas as formas, é venenosa e destrutiva. O meu comportamento ontem [domingo] à noite nos prémios da Academia foi inaceitável e indesculpável. (…) Passei dos limites e errei. Tenho vergonha e os meus atos não corresponderam ao homem que eu quero ser”, afirmou o ator numa declaração escrita partilhado no Instagram.

Dirigindo-se diretamente a Chris Rock, Will Smith pediu-lhe desculpas pela agressão, que aconteceu em palco, em direto, na cerimónia dos Óscares, na qual acabou por ser distinguido como melhor ator, pela participação no filme “King Richard: Para além do jogo”.

O incidente aconteceu durante a cerimónia dos Óscares quando o humorista Chris Rock, que ia apresentar o Óscar de Melhor Documentário, iniciou a sua intervenção com um número de comédia, durante o qual comparou a mulher de Smith, a atriz Jada Pinkett-Smith – que não tem cabelo, por sofrer de uma doença autoimune -, à tenente O’Neil, “GI Jane”, do filme de Ridley Scott.

Will Smith levantou-se, subiu a palco deu uma bofetada em Chris Rock e regressou ao lugar, de onde continuou a gritar: “Mantém o nome da minha mulher fora da sua ‘fucking mouth'”.

Em palco, Chris Rock ainda tentou minimizar a situação, mas sem disfarçar o incómodo, dizendo que tinha sido um momento para “a história da televisão”.

Pouco depois, Will Smith regressou a palco para receber o Óscar de Melhor Ator, e durante o discurso, em lágrimas, pediu desculpa à Academia e aos nomeados, e tentou tentando justificar o seu comportamento, sem falar diretamente da agressão ao humorista.

“Richard Williams foi um corajoso defensor da sua família”, disse, numa referência ao pai das irmãs Williams, papel que desempenha e lhe deu o Óscar, no filme “King Richard”.

“Por vezes, é preciso aturar insultos, e é preciso continuar a sorrir e a dizer que está tudo bem”, acrescentou o ator.

No final da cerimónia, a Academia escreveu um breve comentário no Twitter dizendo que, genericamente, condenava atos de violência.