Nasceu Phabullo Rodrigues da Silva, em Maranhão, no Brasil. Durante a infância e adolescência foi vítima de bullying por ter gestos delicados e voz aguda. Nessa fase em que sofreu agressões físicas e humilhações diárias soube que as diferenças ainda lhe iam permitir deixar a sua marca no mundo. Não se enganou. Hoje é conhecido em vários países como Pabllo Vittar, o nome artístico da maior drag queen do mundo.
O ícone gay em que se tornou já levou o The New York Times a considerá-lo “emblema da fluidez de género”, enquanto o The Guardian refere o seu posicionamento político como “símbolo de resistência”.
Esta quarta-feira atua pela segunda vez em Portugal, no Campo Pequeno, em Lisboa. Apesar de estar doente promete um espetáculo divertido, com muita dança e animação.
Começou por atuar numa casa noturna em Minas Gerais, no Brasil. Agora canta em palcos de todo o mundo. Quais têm sido as maiores dificuldades nesta sua carreira musical?
Não me deparo com muitas dificuldades, divirto-me muito em tudo o que faço.
O que sente que mais mudou na sua vida nos últimos 4 anos?
Tenho trabalhado muito mais.
O Pabllo é homem, mas em palco veste-se de mulher e nas suas músicas refere-se sempre a si no feminino. O que pretende passar para o público com esta sua indiferença em relação ao género?
Que o género é algo muito parvo e que posso ser quem quiser, todos podemos ser quem quisermos. O género é só uma palavra.
O facto de se vestir de mulher é também uma forma de homenagear o público feminino?
Sim, as mulheres são muito lindas. As drag queens endeusam tudo o que é feminino.
O Brasil neste momento tem um governo que não apoia a diversidade sexual nem de género. Como se tem lidado por lá com tudo isto?
Sempre lidámos com muitas coisas assim, agora tem sido bem mais difícil, mas a palavra de ordem é resistência.
O Pabllo é visto como um ícone gay em todo o mundo. Que responsabilidades é que isto lhe dá?
Recebo muitas mensagens de fãs que se inspiram na minha história. Dizem que depois de me terem conhecido puderam ser mais eles mesmos. Tenho contribuído para a autoaceitação.
Há vários artistas a serem criticados por explorarem o nicho de mercado relativo ao público LGBT quando, na verdade, são heterossexuais. Tem uma opinião sobre isto?
São bobos. Esses artistas erguem a bandeira LGBT quando querem dinheiro e dizem que querem a igualdade, mas na hora de fazer alguma coisa ninguém faz.
Em criança chegou a ser vítima de bullying. Se hoje se cruzasse com alguma das pessoas que o tratou mal, o que lhe diria?
Ia falar-lhes, perguntar primeiro se estavam bem como eu e pedir a Deus para os abençoar porque não guardo rancor de nada nem de ninguém.
E que mensagem gostaria de deixar a outras pessoas que estão neste momento a passar por isso?
Que não liguem porque isso passa e, num futuro bem próximo, vão poder ser quem realmente são sem terem medo de sofrer.
Não é a sua primeira vez em Portugal. O que conhece do país?
Não conheço muito. No ano passado vim cá para o Arraial Pride e gravar dois videoclipes. Passei os dias a trabalhar, mas um dos vídeos tinha gravações no exterior, andámos pela rua e achei muito lindo. Quero poder andar pelas ruas de novo, com calma.
O que podemos esperar do concerto desta noite no Campo Pequeno?
Vai ser muito divertido, com muita dança, animação e não doente como estou agora. Vai ser incrível e quero convidar todo o mundo. Venham, venham, venham.
Que próximos trabalhos está a preparar?
Estou a preparar um EP com artistas internacionais, vai ser bem bom. Estou a explorar outras línguas, como o espanhol e o inglês.
Quer investir mais na internacionalização?
Não diria internacionalizar, quero explorar outras sonoridades e espalhar a minha mensagem noutras línguas.
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